Descrição de chapéu Homem na Lua, 50

Transmissão da atual corrida espacial tem diferentes atores e vozes

Câmera que tinha 180 kg passou para 3 kg e permitiu registro da chegada do homem à Lua 50 anos atrás

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São Paulo

Meio século depois, a corrida espacial não se restringe a americanos e russos —chineses, indianos e europeus também anunciam novos projetos de retorno à Lua. A quantidade de atores e a 
balcanização da transmissão atual vai na contramão da busca de integração global por satélite, que marcou a chegada do homem à Lua.

A Nasa estima que a audiência total, ao vivo, dos eventos extraordinários de 20 de julho de 1969 tenha somado mais de 600 milhões de pessoas, num planeta com “apenas” 3,6 bilhões de habitantes então.

Ficaram de fora da transmissão países socialistas refratários aos EUA, como Rússia e China.

Família em Paris assiste à chegada do homem à Lua - STR/AFP

Criada pela Westinghouse, a câmera SEC Vidicon foi a responsável por transmitir os primeiros passos de Neil Armstrong, os saltos de canguru de “Buzz” Aldrin e, é claro, a fixação da bandeira e a conversa com o presidente.

Num mundo em que a realidade começava a ser absorvida pelo espetáculo, aquela foi uma das primeiras transmissões globalizadas de TV.

No Brasil, a Globo se firmou como a TV do regime militar e incorporou o país ao Ocidente com o satélite Intelsat III. Foi através dele que chegaram as imagens que levaram a emissora carioca a liderar a audiência em São Paulo, pela primeira vez. Um mês depois, nasceu o Jornal Nacional.

Nos EUA, quem deu voz àquela cobertura foi Walter Cronkite, lendário locutor da CBS. Em seu livro de memórias, ele relata que perdeu a voz quando o módulo atingiu a Lua.

Hoje, são muitas as vozes e os canais em redes sociais —há naves e missões com conta própria que divulgam seus passos diariamente e interagem em primeira pessoa com o público. 

Por outro lado, mudou a disponibilidade de imagens e dados dos novos atores. 

Terceiro país na Lua, a China é a responsável pela nova corrida de marketing espacial, neste cinquentenário do auge da primeira, mas com uma discrição que contrasta muito com a atitude de americanos e europeus em projetos similares.

Há cinco anos, a missão Chang’e 3 fez o primeiro pouso suave na Lua em 40 anos. Mais importante, no último 3 de janeiro, a Chang’e 4 chegou e enviou imagens pela primeira vez do lado afastado da Lua, um feito histórico.

Nem Chang’e 4 nem o quase lançamento da Chandrayaan 2 tiveram transmissão no Ocidente. No caso chinês, imagens e comunicações não teriam sequer sido disponibilizadas —apesar de todo o esforço para viabilizá-las no lado “escuro”, não visível da Terra, o que incluiu lançar um satélite para isso, um ano antes. 

As cenas repercutiram pelo mundo, quando tanto, pelo significado jornalístico. Assim como o presidente americano John Kennedy prometeu a ida de um americano à Lua um mês e meio após a ida do russo Iuri Gagárin ao espaço, o vice de Trump, Mike Pence, ordenou à Nasa, dois meses e meio após a Chang’e 4, que envie novamente um americano à Lua até 2024.

Não será fácil. O Congresso já sinalizou que os EUA vão ter que depender de fornecedores privados, do foguete da Boeing às câmeras GoPro —estas um salto em relação àquela da Westinghouse que mostrou os passos de Neil Armstrong.

O criador da câmera de 1969, que conseguiu reduzir os 180 kg das câmeras da época a apenas três, ganhou em seguida o prêmio Emmy. Hoje, a GoPro disponibiliza comercialmente câmeras de ação de alto rendimento com 70 gramas, que em grande número poderão mostrar uma Lua mais convincente.

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