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Avião especial da Nasa inicia missão na América do Sul

Laboratório e telescópio instalados no Boeing 747 captam sinais infravermelhos vindos do universo; objetivo é observar objetos celestes

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Murilo Basseto
Aeroin

Pela primeira vez na história, o Boeing 747SP especialmente modificado da Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos) está na América do Sul.

A aeronave, que havia sido transladada em setembro do ano passado dos Estados Unidos para a Alemanha para um processo de manutenção que durou quatro meses, chegou ao aeroporto Comodoro Arturo Merino Benítez, em Santiago, no Chile, no dia 18 de março, e iniciou os voos na noite de domingo (20).

O Jumbo, que leva dentro de sua fuselagem o Sofia (Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy ou Observatório Estratosférico para Astronomia Infravermelha), fará oito voos até 29 de março.

O Boeing 747SP da Nasa
O Boeing 747SP da Nasa - Noel Jones via Wikimedia Commons

O projeto é uma parceria entre a Nasa e o Centro Aeroespacial Alemão. O avião foi fornecido pelos americanos e fica baseado na Califórnia. Os alemães cederam o telescópio e são responsáveis pela manutenção do avião e dos sistemas especiais instalados.

Voando acima da parte mais densa e poluída da atmosfera, o Boeing permite que o laboratório e o telescópio instalados em seu interior captem sinais infravermelhos vindos de longínquas regiões do universo, que não são possíveis de se obter a partir do solo.

Pela primeira vez na América do Sul, a passagem da aeronave será para observar objetos celestes que só podem ser vistos das latitudes do Hemisfério Sul.

O Sofia observará principalmente as Grandes e Pequenas Nuvens de Magalhães, que são as duas galáxias vizinhas mais próximas da nossa Via Láctea. Ambas estão gravitacionalmente ligadas à Via Láctea e eventualmente se fundirão com nossa galáxia em vários bilhões de anos.

"A colaboração científica, particularmente em astronomia, tem sido a pedra angular da relação EUA-Chile, que remonta ao estabelecimento do Observatório de Cerro Santa Lucia, em Santiago, há mais de 170 anos", disse Richard Glenn, encarregado de relações da embaixada dos EUA no Chile.

"A implantação do Sofia da Nasa no Chile é o próximo marco empolgante nesse relacionamento, aproximando-nos mais do que nunca das estrelas."

Para que esses e outros objetos sejam captados, em cada voo o Boeing 747SP fará trajetórias diferentes, especificamente planejadas para permitir que o telescópio seja apontado para os pontos de interesse dos pesquisadores.

Como outras implantações passadas no Hemisfério Sul —já esteve, por exemplo, na Polinésia Francesa—, o Sofia está mudando temporariamente sua base de operações de Palmdale, na Califórnia, para Santiago.

A equipe do Sofia está usando um único instrumento, o Espectrômetro de Linha de Imagem de Campo Infravermelho Distante (Far Infrared Field Imaging Line Spectrometer, ou FIFI-LS), e observará vários alvos celestes críticos do Hemisfério Sul.

"Estamos entusiasmados em implantar no Chile para que possamos fornecer mais acesso aos céus do Hemisfério Sul para nossa comunidade científica", disse Naseem Rangwala, cientista do projeto Sofia.

"Estamos aumentando nosso ritmo de implantação com foco em eficiência e metas priorizadas, e estamos gratos pela oportunidade de fazer isso em Santiago."

Uma visita ao interior do Boeing 747SP da Nasa gravada em vídeo mostra o interior do Jumbo especialmente modificado para ser um laboratório voador de pesquisas espaciais. O laboratório de pesquisa instalado conta com uma sala de controle de missão, com computadores e instrumentos, além do telescópio que faz do Sofia o avançado Observatório Estratosférico de Astronomia Infravermelha.

Como a Grande Nuvem de Magalhães, ou LMC, está tão perto de nossa galáxia, o Sofia pode observá-la em grande detalhe, em escalas astronômicas relativamente pequenas, para ajudar os cientistas a entender melhor como as estrelas se formaram no início do universo.

Além das observações da Grande Nuvem de Magalhães, o Sofia observará remanescentes de supernovas (quando as estrelas explodem ao fim de suas vidas) para investigar como podem ter contribuído para a abundância de poeira no universo primitivo.

​O Sofia também tentará sua primeira observação para medir a abundância primordial de lítio examinando o halo de nossa galáxia, onde nuvens de hidrogênio neutro podem ser encontradas. Essas nuvens foram relativamente imperturbadas e, portanto, sondam diretamente as propriedades do gás primitivo que existia no início do universo.

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