Descrição de chapéu The New York Times

Lembranças espaciais de astronauta da Apollo 11 são vendidas por mais de US$ 8 mi

Jaqueta branca usada por Buzz Aldrin durante missão à Lua foi arrematada em um leilão nesta terça (26)

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Christine Chung
Nova York | The New York Times

Uma jaqueta branca revestida de teflon usada pelo astronauta Buzz Aldrin durante a missão Apollo 11 à Lua em 1969 foi vendida por US$ 2,7 milhões (R$ 14,7 milhões) num leilão da empresa Sotheby's nesta terça-feira (26), alcançando o preço mais alto entre dezenas de peças raras de recordações que acompanham a história dele na exploração espacial.

Aldrin, hoje com 92 anos, tem uma longa carreira como astronauta, ingressando na agência espacial americana, Nasa, em 1963, depois de ser piloto da Força Aérea. Em três anos, ele executou o primeiro "passeio espacial" bem-sucedido na missão Gemini 12. Depois, em 20 de julho de 1969, milhões de pessoas assistiram pela televisão quando ele se tornou o segundo homem a pisar na Lua, cerca de 20 minutos depois de Neil Armstrong, que declarou ser "um salto gigantesco para a humanidade".

Jaqueta usada por Buzz Aldrin durante sua viagem à lua em 1969
Jaqueta usada por Buzz Aldrin durante sua viagem à lua em 1969 - Reuters

A jaqueta personalizada que Aldrin usou naquela missão foi vendida após uma série de lances intensos que durou nove minutos, com o leiloeiro chamando-a de "o artefato espacial americano mais valioso já vendido em leilão". (As roupas usadas pelos outros dois astronautas da Apollo 11 daquela missão são propriedade do Museu Smithsonian.)

Ao todo, 68 dos 69 lotes de pertences de Aldrin foram vendidos por US$ 8 milhões (cerca de R$ 42 milhões) na terça pela Sotheby's em Manhattan, num leilão que durou mais de duas horas.

Derek Parsons, porta-voz da Sotheby's, disse que a venda de Aldrin foi o "leilão de exploração espacial mais valioso já realizado". Ele quebrou o recorde estabelecido por um leilão de objetos pertencentes a Armstrong, que morreu em 2012, mas a coleção total deste último astronauta ainda detém o recorde geral.
Os artefatos mais cobiçados vendidos nesta semana viajaram para a Lua e voltaram há mais de 50 anos. Um resumo completo do plano de voo da missão Apollo foi vendido por US$ 819 mil (R$ 4,45 milhões).

Apenas um lote não teve comprador. Ele incluía o pequeno interruptor de circuito quebrado que quase deixou a tripulação da Apollo 11 na lua e a caneta de alumínio amassada que Aldrin usou como quebra-galho para efetuar a decolagem. Os lances emperraram em US$ 650 mil, muito abaixo da estimativa de US$ 1 milhão do leilão.

Aldrin durante a missão Apollo 11 à lua, em 1969 - NASA

Aldrin disse em comunicado: "Parecia o momento certo para compartilhar esses itens com o mundo, que para muitos são símbolos de um momento histórico, mas para mim sempre foram lembranças pessoais de uma vida dedicada à ciência e à exploração".

Entre os itens vendidos em leilão estavam também passes vitalícios dourados para os jogos da Major League de beisebol, por US$ 7.560, e uma estatueta do MTV Video Music Awards inspirada na imagem icônica de Aldrin colocando a bandeira americana na superfície da lua, que foi arrematada por US$ 88.200.
A Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honraria dos EUA para civis, concedida a Aldrin pelo presidente Richard Nixon, saiu por US$ 277.200. Essas medalhas não aparecem com frequência em leilões, disse Parsons.

Havia também uma carta datada de 10 de dezembro de 1973, escrita por Armstrong, que custou US$ 21.420. Nela, o ex-astronauta tentava dissuadir Aldrin de transformar seu livro de memórias em um filme: "Não consigo lembrar de uma biografia de alguém vivo que foi transformada em um filme bom, de alta qualidade".

Foto de Aldrin na superfície lunar tirada por seu colega astronauta da Apollo 11 - Reuters

Aldrin não mudou de ideia. A cinebiografia foi lançada três anos depois.

Embora esse filme não tenha sido sucesso de crítica, Aldrin inspirou o nome de Buzz Lightyear, o personagem animado dos filmes "Toy Story", da Pixar.

Dez dos 69 lotes do leilão vieram com um token não fungível, ou NFT, um identificador digital exclusivo de autenticidade. Outros, como planos de voo com uma lista de itens a serem levados para o espaço —capacete, lenços de papel, também salgadinhos—, receberam o autógrafo de Aldrin e a frase "Voou para a Lua".

Mais artefatos espaciais foram leiloados desde a aprovação em 2012 de uma lei que permite aos astronautas manter e vender suas lembranças do espaço, disse Cassandra Hatton, especialista da Sotheby's. Antes da adoção da lei, a Nasa tentou várias vezes bloquear a venda desses artigos, como a lista de verificação de James Lovell da expedição Apollo 13.

"Antes disso, era uma situação arriscada", disse Hatton. "As pessoas vendiam coisas e realmente não havia clareza. Então sempre houve esse tipo de preocupação de que talvez a Nasa encerrasse um leilão."
Uma auditoria de 2018 na agência espacial descobriu que a manutenção inconsistente de registros da Nasa resultou na perda de uma "quantidade significativa" de seus bens.

Em junho, advogados da Nasa impediram a venda de baratas mortas que haviam ingerido poeira lunar. Antes que a venda fosse suspensa, os lances pelo trio de insetos chegaram a US$ 40 mil.

Hoje, os leilões espaciais da Sotheby's são sua categoria mais popular, atraindo um amplo público de licitantes, disse Hatton. Ele acrescentou que as faixas de preço tornaram os itens mais acessíveis do que outros objetos de valor, como obras de arte. A casa de leilões já vendeu itens pertencentes a outros astronautas, incluindo uma pequena bolsa branca que Armstrong usou para coletar amostras de rochas lunares, que rendeu US$ 1,8 milhão em 2017.

Hatton disse acreditar que o fascínio pelos artefatos espaciais e pelas missões à Lua, a última em 1972, persiste devido à importância dessas descobertas na história da humanidade.

"É um momento que nos lembra tudo o que podemos fazer", disse ela. "Podemos alcançar o quase impossível, como escapar do nosso destino de ficar presos neste planeta. Podemos fazer coisas incríveis."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves.

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