A agência espacial da Rússia revelou nesta segunda-feira (15), pela primeira vez, um modelo físico de como será uma nova estação espacial construída no país, sugerindo que Moscou leva a sério abandonar a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) e seguir sozinha.
A Rússia vive o que alguns radicais do Kremlin acreditam ser uma ruptura histórica com o Ocidente, provocada pelas sanções impostas contra o que Moscou chama de "operação militar especial" na Ucrânia, e está correndo para reduzir sua dependência dos países ocidentais e seguir por conta própria ou cooperar com países como China e Irã.
O Ocidente, que acusou a Rússia de levar adiante uma guerra não provocada de agressão em tom imperialista contra a Ucrânia, atacou a economia russa com sanções destinadas a privar Moscou de tecnologia, know how e fundos.
A agência espacial nacional russa, Roscosmos, apresentou um modelo da estação espacial planejada, apelidada de "ROSS" pela mídia estatal, durante a Army-2022, uma exposição militar-industrial nos arredores de Moscou.
Yuri Borisov, que o presidente Vladimir Putin nomeou no mês passado para chefiar a Roscosmos, disse que a Rússia deixará a ISS após 2024 e está trabalhando para desenvolver sua própria estação orbital.
Lançada em 1998, a ISS está continuamente ocupada desde novembro de 2000 sob uma parceria liderada pelos Estados Unidos e a Rússia que inclui Canadá, Japão e 11 países europeus.
A Nasa, que deseja manter a ISS operando até 2030, disse que ainda não recebeu a confirmação oficial da retirada planejada da Rússia e já havia entendido que Moscou continuaria participando até 2028.
A Roscosmos disse em comunicado que a nova estação espacial será lançada em duas etapas, sem dar datas.
A primeira fase teria uma estação espacial de quatro módulos já começando a operar. Esta seria seguida por mais dois módulos e uma plataforma de serviço, disse a agência. Isso seria suficiente, quando concluído, para acomodar até quatro cosmonautas, além de equipamentos científicos.
A Roscosmos disse que a nova estação proporcionará aos cosmonautas russos uma visão muito mais ampla da Terra para fins de monitoramento do que eles desfrutam em seu segmento atual.
Embora já existam projetos para algumas das novas estações, o trabalho de projeto continua em andamento em outros segmentos.
A mídia estatal russa sugeriu que o lançamento da primeira etapa está planejado para 2025-26, no máximo 2030. O lançamento da segunda e última etapa está planejado para 2030-35, informaram também. A estação espacial, como atualmente concebida, não teria uma presença humana permanente, mas seria tripulada duas vezes por ano por longos períodos.
Dmitry Rogozin, ex-chefe da Roscosmos e um linha-dura conhecido por suas declarações contrárias ao Ocidente, sugeriu que a nova estação espacial poderia cumprir um propósito militar, se necessário.
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