Descrição de chapéu The New York Times

Sonda Juno transmite novas fotos de Europa, lua de Júpiter

Satélite é recoberto por superfície brilhante e gelada

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Kenneth Chang
São Paulo | The New York Times

Europa, a lua incrustada de gelo de Júpiter, ainda é tudo que diziam. A sonda Juno, da Nasa, está orbitando Júpiter desde 2016 e na manhã da última quinta-feira (29) passou a 352 km da superfície de Europa, viajando a mais de 48 mil km/h.

As quatro imagens feitas durante o sobrevoo —as observações mais próximas da lua registradas desde janeiro de 2000— chegaram à Terra em menos de 12 horas.

"São deslumbrantes", comentou a cientista Candice J. Hansen-Koharcheck, do Instituto de Ciência Planetária em Tucson, Arizona, responsável pela operação da câmera principal da sonda, a JunoCam.

Imagem da lua Europa, de Júpiter, captada pela sonda Juno, da Nasa - NASA/SWRI/MSSS/NYT

Em seu release à imprensa, a Nasa destacou uma imagem que enfoca uma região próxima ao equador da lua, Annwn Regio, mostrando longas fraturas que atravessam a superfície brilhante e gelada.

A paisagem extraterrestre corresponde ao que foi visto por visitantes anteriores da Nasa: as duas sondas Voyager que atravessaram o sistema jupiteriano em 1979 e a sonda Galileo, que orbitou Júpiter de 1995 a 2003.

As fraturas apontaram para a possibilidade de um oceano em Europa oculto debaixo do gelo; ele criaria as fraturas devido à subida e descida das marés. Outros dados –especialmente medições de campo magnético que indicaram uma camada eletricamente condutora, como um oceano salgado— convenceram os cientistas planetários de que um oceano existe de fato em Europa.

A presença de água líquida faz de Europa um lugar promissor para procurar vida em outro ponto do sistema solar.

O sobrevoo realizado pelo Juno não modifica a história.

"Eu não diria que houve algum elemento que nos fizesse reagir tipo ‘meu Deus, isso é novo!’", falou Hansen-Koharcheck. O que as novas imagens fazem é nos proporcionar uma visão melhor de certas partes da lua jupiteriana e ajudar a preencher os detalhes.

"Vamos poder ter um entendimento melhor da história geológica, porque podemos interligar diferentes cristas e falhas e obter um quadro mais global ou regional", disse a cientista.

"Não posso dizer ‘esta coisa isolada aqui é simplesmente espantosa’", ela destacou. Em vez disso, há várias coisas que despertam seu interesse. "São esses tipos de dados. Há tanta complexidade na própria Europa, e estas imagens revelam isso muito bem."

As quatro imagens estão disponíveis no site da Juno na internet. As fotos originais têm uma tonalidade laranja acastanhada, mas a lua deve parecer mais clara na realidade. Isso é porque a câmera foi incluída na sonda espacial para atrair a participação do público; ela não foi pensada inicialmente como instrumento científico. "Não fizemos o esforço de fazer o balanceamento do branco", disse Hansen-Koharcheck. "Não é intencional, de maneira alguma."

Pessoas em todo o mundo começaram imediatamente a descarregar as imagens e aprimorá-las.

As fotos, além de outros dados colhidos pela Juno, vão ajudar cientistas que estão planejando a Europa Clipper, missão da Nasa prevista para ser lançada em 2024 e que fará sobrevoos próximos repetidos de Europa. Ela também vai auxiliar a nave Jupiter Icy Moons Explorer, ou JUICE (Explorador das Luas Geladas de Júpiter), uma missão da Agência Espacial Europeia prevista para ser lançada em 2023 e que vai estudar Europa e duas outras luas de Júpiter, Calisto e Ganimedes.

Juno foi lançada em 2011 e chegou a Júpiter, o maior planeta do sistema solar, em 2016. Ela fez diversos mergulhos próximos a Júpiter para que seus instrumentos pudessem enxergar abaixo das nuvens do planeta. Os mergulhos revelaram relâmpagos nunca antes vistos em altas altitudes atmosféricas e chuvas de aglomerados ricos em amônia, do tamanho de bolas de beisebol, que os cientistas apelidaram de "mushballs".

Quando as tarefas da missão principal foram completadas, no ano passado, a Nasa aprovou uma extensão da missão da Juno: 42 órbitas adicionais de Júpiter que incluíram sobrevoos próximos de três das luas grandes: Ganimedes, Europa e Io.

A Juno completou seu sobrevoo de Ganimedes em junho de 2021. Ela verá Io, o lugar de maior atividade vulcânica do sistema solar, mais de perto em 2023 e 2024.

Tradução de Clara Allain

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.