Conheça os planos da Nasa para as próximas missões Artemis

A principal será a terceira, quando humanos devem voltar a pisar na Lua

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Kenneth Chang
The New York Times

O voo-teste da missão Artemis 1 terminou, mas a Artemis 2 —que será a primeira com astronautas a bordo— não vai acontecer antes de pelo menos 2024.

Em entrevista recente, Bill Nelson, o administrador da Nasa, reclamou da espera longa entre a Artemis 1 e a Artemis 2.

"Tenho criado a maior confusão por causa disso", afirmou. "Se esta primeira missão for bem-sucedida, alcançar seus objetivos e for segura para os astronautas, por que não podemos fazer a seguinte em menos de dois anos?"

Cápsula Orion da Nasa, da missão Artemis 1, é resgatada após pousar no oceano Pacífico, na costa do México, no domingo (11), após viagem ao redor da Lua - Mario Tama - 11.dez.2022/AFP

Nelson disse que anos atrás, para poupar dinheiro, a Nasa decidiu reutilizar alguns dos equipamentos eletrônicos, conhecidos como aviônica, da cápsula Orion da Artemis 1 na nova cápsula Orion da Artemis 2.

"Eles levam dois anos para retirar a aviônica e refazer", disse Nelson. "Isso é muito frustrante para mim, mas é o que é."

Haverá quatro astronautas a bordo da Artemis 2. Três serão da Nasa e um será canadense, conforme prevê a parte do acordo que define a participação da Agência Espacial Canadense no programa Artemis. A Nasa ainda não anunciou os nomes dos astronautas que voarão na missão.

A trajetória da Artemis 2 será bastante simples. Depois do lançamento, a segunda fase do Space Launch System (Sistema de Lançamento Espacial) vai lançar a Orion numa órbita elíptica que se estende até 2.800 quilômetros acima da Terra, dando tempo aos astronautas de verificar o funcionamento dos sistemas da Orion.

Então, quando a Orion voltar ao ponto inicial da órbita, seu motor vai disparar para lançá-la na direção da Lua. Na missão Artemis 2, a nave Orion não entrará em órbita em volta da Lua; em vez disso, utilizará a gravidade da Lua para voltar à Terra, com previsão de descer no oceano Pacífico. A viagem inteira deve levar por volta de dez dias.

O grande evento será a Artemis 3, prevista atualmente para não antes de 2025.

Durante os desembarques lunares do programa Apollo nos anos 1960 e 1970, o módulo lunar foi colocado no foguete Saturn 5. O módulo lunar da Artemis 3 será uma versão do foguete Starship construído pela SpaceX. O Starship lunar será lançado em separado. Starships adicionais serão lançados em seguida para reabastecer os tanques de propelente (combustível de foguetes) do Starship lunar antes de ele sair da órbita da Terra.

Na Lua, o módulo Starship vai entrar em algo conhecido como órbita de halo quase retilinear, ou NRHO (sigla em inglês).

As órbitas de halo são influenciadas pelas gravidades de dois corpos —neste caso, a Terra e a Lua— que ajudam a tornar a órbita altamente estável, minimizando a quantidade de propelente necessário para conservar a nave espacial em órbita lunar. Uma nave nessa órbita nunca passa atrás da Lua, onde as comunicações com a Terra são cortadas.

A partir do momento em que o Starship estiver orbitando a Lua, o foguete Space Launch System vai enviar quatro astronautas numa cápsula Orion para a mesma órbita de halo quase retilinear. A Orion vai se acoplar ao Starship. Dois dos astronautas passarão para o foguete Starship, pousando em algum ponto próximo ao polo sul da Lua, enquanto os outros dois permanecerão em órbita na Orion.

Após mais ou menos uma semana na superfície da Lua, os dois astronautas partirão no Starship e se encontrarão com a Orion em órbita. A Orion então levará os quatro astronautas de volta à Terra.

Em agosto, a Nasa anunciou 13 potenciais pontos para o pouso perto do polo sul lunar.

Os astronautas a bordo da Artemis 4 rumarão para o Gateway, um posto avançado semelhante a uma estação espacial que a Nasa vai construir na mesma órbita de halo quase retilinear usada para a Artemis 3. Essa missão usará um foguete do Space Launch System com uma segunda fase modernizada, dando-lhe energia suficiente para levar junto o módulo de habitat do Gateway.

O plano original da Nasa era que a Artemis 4 cuidasse da construção do Gateway. Neste ano, porém, a agência espacial americana decidiu que a missão também vai incluir uma viagem à superfície lunar. No mês passado a Nasa anunciou que a SpaceX fornecerá o módulo de pouso da Artemis 4.

No caso da Artemis 5 e missões posteriores, o módulo lunar será acoplado ao Gateway. Os astronautas chegarão ao Gateway na Orion e depois se trasladarão para o módulo lunar para o trajeto até a superfície da Lua.

A Nasa estuda lances de uma empresa diferente para fornecer o módulo de pouso da Artemis 5. Entre as companhias que podem fazer ofertas para construir um módulo de pouso concorrente está a Blue Origin, empresa de foguetes criada por Jeff Bezos, fundador da Amazon.

A Nasa então promoveria uma licitação para módulos de pouso lunar futuros, do mesmo modo como contratou empresas para levar cargas e astronautas à Estação Espacial Internacional.

Tradução de Clara Allain

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