Telescópio James Webb localiza galáxia mais distante do Universo

Jades-GS-z13-0 teria se formado 320 milhões de anos após o Big Bang, época da expansão inicial do Universo

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Juliette Collen Daniel Lawler
Paris | AFP

O telescópio James Webb localizou a galáxia mais distante já identificada, que remonta à expansão inicial do Universo, a 320 milhões de anos após o Big Bang, de acordo com estudos publicados nesta terça-feira (4).

Os primeiros resultados do telescópio James Webb (JWST), em funcionamento desde julho de 2022, identificaram inúmeras galáxias "candidatas" através do espectro infravermelho, um comprimento de onda invisível ao olho humano que permite voltar muito mais longe no tempo, ou seja, ajuda a identificar suas idades através de sua luminosidade.

O aparato espacial tem uma poderosa capacidade de observação infravermelha, que combinada com a espectroscopia —que analisa a luz de um objeto para determinar seus elementos químicos—, identificou "inequivocamente" a existência de quatro galáxias.

As quatro galáxias mais distantes já identificadas pelo Telescópio Espacial James Webb
As quatro galáxias mais distantes já identificadas pelo Telescópio Espacial James Webb - Jades/Goods-S/JWST/NIRCam/Nasa

Todas estão muito distantes, com idades que variam entre 300 e 500 milhões de anos após o Big Bang (que ocorreu há 13,8 bilhões de anos), segundo dois estudos publicados no jornal Nature Astronomy.

Naquela época, o Universo tinha apenas 2% de sua idade atual e passava pelo que os cientistas chamam de período de reionização: após uma fase conhecida como "idade das trevas", ele voltou à atividade e passou a produzir uma grande quantidade de estrelas.

A galáxia mais distante localizada pelo JWST, batizada de Jades-GS-z13-0, se formou "320 milhões de anos após o Big Bang" e sua luz é a mais afastada já observada até hoje pelos astrônomos, explicou à AFP Stéphane Charlot, do Instituto de Astrofísica em Paris, um dos autores do estudo.

'Uma proeza'

O telescópio espacial também confirmou a existência da galáxia GM-z11, cerca de 450 milhões de anos após o Big Bang, que já tinha sido detectada pelo telescópio Hubble.

As quatro galáxias observadas são de massa muito baixa, apenas cem milhões de vezes a massa do Sol, em comparação ao 1,5 trilhão da Via Láctea. Entretanto, são "muito ativas quando se trata de formar estrelas, proporcionalmente à sua massa", detalha o astrofísico.

A formação destas estrelas está acontecendo "aproximadamente no mesmo ritmo da Via Láctea", uma velocidade "surpreendente naquela fase inicial do Universo", comenta o pesquisador.

Estas galáxias são, por outro lado, "muito pobres em metais", uma descoberta que confirma teorias clássicas da Cosmologia de que quanto mais próximas à origem do Universo, menos tempo estas estrelas tiveram para formar moléculas complexas.

A nova contribuição do JWST é "uma proeza tecnológica", diz Pieter van Dokkum, astrônomo da Universidade de Yale, em um comentário anexado ao estudo.

"Todos os meses" o telescópio ultrapassa "as fronteiras da exploração", analisa.

Em fevereiro, o JWST também identificou um grupo de seis galáxias de 500 a 700 milhões de anos de idade após o Big Bang, aparentemente muito mais massivas do que o esperado. Se suas existências forem confirmadas pela espectroscopia, isso poderia questionar algumas das teorias sobre a formação do Universo.

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