Pela primeira vez, a Nature, uma das principais publicações científicas do mundo, incluiu um não humano em sua lista anual de personalidades na ciência: o ChatGPT.
Nesta edição, também há uma brasileira: Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
A relação, lançada anualmente desde 2011, não deve ser interpretada como uma premiação ou um ranking, e sim como uma lista de histórias e pessoas importantes para a ciência em 2023. Os nomes são indicados pelos editores da publicação.
Em relação ao ChatGPT, a revista afirmou que sua presença na lista se justifica pela maneira com que a ferramenta de inteligência artificial (IA) está transformando como pesquisadores conduzem e disseminam pesquisas.
"O ChatGPT dominou as notícias neste ano e sua influência está sendo sentida em toda a ciência —e sociedade", diz Richard Monastersky, um dos editores da Nature.
"Embora a ferramenta não seja uma pessoa e não se encaixe perfeitamente na lista, expandimos nossa lista para reconhecer a maneira profunda como a IA generativa está alterando o desenvolvimento e o progresso da ciência."
A inteligência artificial generativa, ainda de acordo com a Nature, já se tornou um indispensável assistente para muitos pesquisadores, contribuindo para resumir ou produzir textos e escrever códigos, por exemplo.
Annie Kritcher
Física da Instalação Nacional de Ignição (NIF, na sigla em inglês), do Departamento de Energia americano, ela auxiliou no desenvolvimento de experiências que, pela primeira vez, desencadearam uma reação de fusão nuclear que gera mais energia do que consome.
A instalação fica no Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia. No local, 192 lasers de alta potência são disparados contra uma cápsula com átomos de hidrogênio. O objetivo do experimento é convertê-los em hélio.
Em um dos experimentos, em julho deste ano, a produção foi de 3,88 megajoules.
Eleni Myrivili
Primeira oficial-chefe global de calor das Nações Unidas, está ajudando países a se prepararem para os impactos da mudança climática.
Ilya Sutskever
Cientista-chefe da OpenAI, empresa desenvolvedora do ChatGPT, foi reconhecido por ter participação central no desenvolvimento do ChatGPT e nos modelos de linguagem que o fazem funcionar.
James Hamlin
Físico da Universidade da Flórida em Gainesville, ele observou que havia problemas em um estudo sobre supercondutividade em temperatura ambiente.
A pesquisa acabou retratada pela própria Nature e o autor do estudo, o professor de engenharia mecânica e física Ranga P. Dias, vem sendo questionado pela comunidade científica.
Halidou Tinto
Diretor da Unidade de Pesquisa Clínica de Nanoro, o médico foi lembrado, pelo seu trabalho de ensaios clínicos importante para a aprovação de uma vacina que pode fazer uma grande diferença contra a malária.
Kalpana Kalahasti
Diretora associada do projeto da missão Chandrayaan-3 para a agência espacial indiana, auxiliou no projeto do primeiro pouso bem-sucedido da Índia na Lua.
Katsuhiko Hayashi
O biólogo da Universidade de Osaka, no Japão, está entre os pesquisadores que conseguiram produzir filhotes de camundongo a partir das células de dois camundongos machos.
A equipe retirou células da cauda dos machos, com os cromossomos X e Y, e as transformou em células-tronco. Foram desenvolvidos óvulos, depois fertilizados.
Os embriões foram, então, implantados em fêmeas. De um total de 630 embriões, 7 filhotes nasceram.
Marina Silva
Foi lembrada por medidas políticas que ajudaram a reduzir consideravelmente o desmatamento na amazônia, após anos de explosão na destruição durante o governo Jair Bolsonaro (PL), que abertamente minimizava a devastação da floresta.
A gestão Marina Silva retomou políticas mais rígidas de combate ao desmate. Sob a administração Lula e Marina foi retomado, por exemplo, o PPCDam (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal), que tinha sido cancelado durante o governo Bolsonaro.
A ministra se junta ao pequeno grupo de brasileiros que já apareceram na lista.
Em 2021, houve a inclusão de Tulio de Oliveira (2021), cientista que sequenciou a variante ômicron da Covid na África no Sul e alertou sobre seu perigo.
Pouco antes, em 2019, foi a vez de Ricardo Galvão, presidente do CNPq e ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
No ano de 2016, a menção foi para Celina Turchi, epidemiologistas que possibilitou associar a microcefalia à infecção pelo vírus zika.
Svetlana Mojsov
Bioquímica, ela teve papel central não só na identificação do GLP-1 mas também na análise de seu funcionamento.
O hormônio está relacionado ao desenvolvimento de uma nova geração de medicamentos contra a obesidade, como Ozempic e Wegovy, que ganharam o mundo em 2023.
Ao longo dos anos, ela atuou para que fosse reconhecida sua contribuição na descoberta do GLP-1.
Hoje, Mojsov leciona na Universidade Rockefeller em Nova York, nos Estados Unidos.
Thomas Powles
Pesquisador da área de câncer do Hospital St. Bartholomew, em Londres, foi citado por seu estudo no tratamento de câncer de bexiga em estágio avançado.
Sua pesquisa mostrou que a utilização de duas drogas, enfortumab vedotin e pembrolizumab, estendeu a vida de pacientes de 16 meses para 2,5 anos, em média, em comparação com a quimioterapia padrão.
A combinação, segundo a Nature, é a primeira a ter melhores resultados que o tratamento padrão
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