Herança ligada à fazenda que 'escondia' T. rex Sue gera disputa entre irmãos

Esqueleto de dinossauro, hoje exposto no museu Field, foi encontrado em 1990 na Dakota do Sul

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Lola Fadulu Michael Levenson
The New York Times

Darlene Williams morreu em 2020, mais de 12 anos após a venda por US$ 8 milhões de um esqueleto fossilizado de um Tyrannosaurus rex. Batizado de Sue, o fóssil foi encontrado na fazenda da família dela na Dakota do Sul, Estados Unidos, em 1990.

Agora, seus filhos apontam o que consideram ser pontos conflitantes nos testamentos, incluindo um que Darlene assinou pouco antes de sua morte, e brigam pela herança deixada por ela.

A disputa é mais recente gerada por Sue, considerada o fóssil mais completo de um T. rex já encontrado. Os ossos tornaram-se o centro de casos judiciais logo após caçadores de fósseis encontrá-los.

Antes de sua morte em 2020, Darlene escrevera dois testamentos.

O esqueleto de Sue no museu Field, em Chicago (EUA) - Golembiewski/Field Museum/Reuters

Em um de 2017, ela nomeou uma de suas filhas, Sandra Williams Luther, como representante pessoal de seu patrimônio. Em outro, de 2020, designou essa mesma filha como única herdeira e executora de seu patrimônio.

"Por favor, não briguem entre vocês", disse ela no testamento de 2020. "Vivi com meus filhos em desacordo por muitos anos."

Mas outra filha, Jaqueline Schwartz, argumentou na Justiça que o segundo testamento não é legítimo e tem falhas legais.

Segundo ela, poucos dias antes da data do testamento de 2020, sua mãe estava "gravemente doente" e foi internada em um hospital. Quando Jaqueline a visitou, Darlene "flutuava entre a consciência e a inconsciência" e "mal conseguia falar", de acordo com documentos do tribunal.

Jaqueline afirmou que sua mãe estava "susceptível a influências indevidas" em decorrência de baixos níveis de oxigênio e de anemia grave, o que dificultava sua comunicação, e que apenas um visitante era permitido por vez, conforme as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus.

Em fevereiro, ela apresentou outra petição, na qual solicitava permissão ao tribunal para apresentar alegações contra Sandra e outro irmão, Carson Williams, devido ao que Schwartz considerou ser a má administração dos fundos de sua mãe.

Menos de duas semanas antes da morte de Darlene, Sandra aparentemente vendeu a casa da mãe, segundo afirmou a petição de Jaqueline. Mas a assinatura de Darlene nos documentos do acordo não correspondia a outras.

Os recursos provenientes da venda da casa, que somaram cerca de US$ 225 mil, conforme relatado pela Associated Press, deveriam ser destinados a Darlene e, após sua morte, ao seu espólio, de acordo com a petição.

Em vez disso, afirmou Schwartz, eles foram "convertidos e desviados" por Sandra e Carson, que colaboraram para enriquecerem após a morte de sua mãe.

Os advogados dos irmãos não responderam a várias solicitações de comentário feitas na última sexta-feira (1º) e no sábado (2). Não está claro quanto cada irmão poderia ter recebido do espólio de sua mãe.

O fóssil do T. rex desenterrado na fazenda da família foi chamado de Sue, em homenagem a Sue Hendrickson, a mulher que o descobriu durante uma viagem de escavação comercial. Seis pessoas levaram 17 dias para extrair o esqueleto. Estima-se que o tiranossauro tenha vivido por 28 anos, de acordo com os anéis de crescimento nos ossos.

Sua descoberta levou a uma disputa de guarda de cinco anos que terminou em um leilão público em 1997, de acordo com o museu Field, em Chicago.

O museu adquiriu os ossos por US$ 8,36 milhões em 1990 e agora exibe o esqueleto, que tem mais de 12 metros de comprimento e 4 metros de altura. O museu reúne 250 dos aproximadamente 380 ossos.

O esqueleto "é o representante mais celebrado do T. rex e, possivelmente, o fóssil mais famoso do mundo", diz o site do museu, acrescentando que "permitiu que cientistas de todo o mundo realizassem estudos mais detalhados sobre as relações evolutivas, biologia, crescimento e comportamento da espécie do que nunca antes".

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