Descrição de chapéu The New York Times

Caçador de tesouros pesca espada viking de mil anos

Especialistas confirmaram o valor histórico do item, retirado de rio em Oxfordshire, na Inglaterra

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Isabella Kwai
The New York Times

A longa e fina peça de metal parecia uma haste de andaime quando Trevor Penny, 52, a viu nas margens de um rio inglês em novembro.

Ele praticava seu hobby de pesca com ímã —o que consiste no uso de um ímã forte preso a uma corda, lançada na água—, desenterrando itens domésticos, ferramentas e outros detritos metálicos dos cursos d'água perto de sua casa em Oxfordshire.

O que ele retirou da água, porém, era mais interessante: uma espada viking enferrujada de mais de mil anos.

Espada viking encontrada no rio Cherwell, na Inglaterra - NYT

A peça, encontrada no rio Cherwell e identificada por um grupo arqueológico que rastreia descobertas públicas, provavelmente data de um período entre 850 d.C. e 975 d.C.

Penny disse que a entregou na semana passada ao Serviço de Museus de Oxfordshire, onde espera-se que seja colocada em exposição depois de ser restaurada.

A peça remete a uma era medieval em que vikings desembarcaram nas Ilhas Britânicas, saqueando e pilhando em seu caminho pela Inglaterra e Escócia. Suas incursões tiveram fim, porém seus descendentes ainda fazem parte da população britânica.

Nos últimos anos, os detectores de metal têm ajudado a desenterrar artefatos e tesouros que ficaram enterrados no subsolo por séculos.

Ao perceber o que tinha encontrado, Penny entrou em contato com o responsável por identificar as descobertas arqueológicas feitas pelo público.

A descoberta foi "mais uma peça do quebra-cabeça que pode iluminar nossa herança compartilhada", disse Edward Caswell, que documenta as descobertas de Oxfordshire para um serviço administrado pelo Museu Britânico. Mais análises ainda eram necessárias, ele alertou, mas especialistas confirmaram que a espada se encaixava com outras daquela era.

"Nós encontramos armas vikings, incluindo espadas, depositadas em rios na Inglaterra", disse Jane Kershaw, professora associada de arqueologia na Universidade de Oxford. Segundo ela, cerca de 70 espadas desse tipo foram encontradas na Grã-Bretanha.

A espada encontrada por Penny pode ter sido perdida acidentalmente. Sabe-se, entretanto, que essas armas também eram jogadas com frequência e intencionalmente em cursos d'água como parte de um ritual.

"Rios eram vistos como portais para outros mundos, onde deuses e outras criaturas ou espíritos poderiam viver", afirmou a docente, acrescentando que arqueólogos interpretavam tais rituais como um apelo viking por proteção ou sorte, talvez em batalha.

Muitas dessas armas foram encontradas no norte e leste do país, de acordo com Kershaw. Ela chamou a espada de um exemplo raro da atividade viking na região.

"Está fora da zona normal de descoberta dessas armas", continou ela. "Mas os vikings estavam ativos naquela área. Há muito que não sabemos sobre suas atividades."

Segundo a professora, pessoas como Penny estão fazendo descobertas cada vez mais importantes e é crucial que as relatem. "É uma informação de enorme valor. Desde que estejam registrando isso, estão fazendo arqueologia que de outra forma seria perdida."

A posse desses artefatos, porém, pode ser uma questão delicada e está concionada ao fato de serem classificados ou não como tesouro.

Quando encontrados, objetos de metal com mais de 300 anos devem ser relatados às autoridades dentro de duas semanas, segundo uma lei na Grã-Bretanha. Museus podem reivindicar a posse desses itens, e os descobridores e proprietários de terras, receber uma recompensa se forem considerados tesouro.

Penny encontrou a espada em terras do Canal & River Trust, instituição de caridade que administra muitas das vias navegáveis internas da Inglaterra. O grupo proibiu a pesca com ímã em sua propriedade, dizendo que pode ser "perigoso" e que objetos afiados poderiam causar problemas para os visitantes.

A instituição chamou a espada de uma "descoberta emocionante" e concordou com Penny em transferir para um museu local quaisquer direitos potenciais de propriedade sobre a espada.

Desde que começou a pescar com ímã há três anos, Penny ajudou a encontrar outros itens com valor histórico, entre os quais antigas ferramentas ferroviárias e uma granada suspeita de ser da Segunda Guerra Mundial que teve que ser detonada por autoridades.

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