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Estrelas gêmeas podem devorar planetas inteiros, sugere estudo

Pesquisadores encontraram evidências de ingestão planetária fora do Sistema Solar

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Will Dunham
Washington | Reuters

O Sistema Solar tem sido notavelmente estável durante seus 4,5 bilhões de anos. Mas nem todos os sistemas planetários têm tanta sorte assim, conforme um estudo envolvendo estrelas gêmeas publicado nesta quarta-feira (20) na Nature.

A análise de 91 pares de estrelas com tamanhos e composições químicas correspondentes indicou que um número surpreendente desses corpos celestes exibiu sinais de ter ingerido um planeta. E isso provavelmente ocorreu depois que o planeta foi lançado para fora de uma órbita estável por qualquer motivo.

O estudo analisou pares de estrelas que se formaram dentro da mesma nuvem interestelar de gás e poeira, dando-lhes a mesma composição química. Além disso, eram de massa e idade aproximadamente iguais.

Ilustração de planeta sendo devorado por estrela gêmea - Openverse

A composição química de uma estrela muda quando ela engole um planeta porque incorpora os elementos que compunham o mundo condenado.

Os pesquisadores procuraram as estrelas gêmeas com diferenças em um mesmo par. Nesse caso, elas tinham maiores quantidades de elementos como ferro, níquel ou titânio, o que indicava remanescentes de um planeta rochoso, em relação a outros elementos.

Em sete pares, uma das duas estrelas apresentava evidências de ingestão planetária.

Possíveis razões para um planeta mergulhar em sua estrela hospedeira incluem uma perturbação orbital causada por um planeta maior, ou outra estrela passando desconfortavelmente perto, desestabilizando o sistema planetário, disseram os pesquisadores.

"Isso realmente põe em perspectiva nossa posição fortuita no Universo", disse o astrofísico e coautor do estudo Yuan-Sen Ting da Universidade Nacional da Austrália e da Universidade Estadual de Ohio. "A estabilidade de um sistema planetário como o Sistema Solar não é garantida."

Para identificar as estrelas gêmeas, a equipe de cientistas recorreu ao observatório espacial Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês). E, para determinar a composição delas, foram utilizados telescópios no Chile e no Havaí. As estrelas estavam entre 70 anos-luz e 960 anos-luz do Sistema Solar —um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano, 9,5 trilhões de km.

Ainda segundo os pesquisadores, embora seja mais provável que suas observações tenham sinalizado planetas inteiros sendo ingeridos, também é possível que fossem blocos de construção planetária consumidos durante o período de formação do planeta no sistema.

As estrelas desse estudo estavam todas no auge de suas vida.

A instabilidade nos sistemas planetários pode ser mais comum do que se sabia anteriormente, considerando que cerca de 8% dos pares estelares estudados tinham uma estrela que aparentemente devorou um planeta.

A maioria dos sistemas planetários deve ser estável porque, como em nosso Sistema Solar, os planetas estão sob a influência principalmente de sua estrela hospedeira, não de seus planetas irmãos, de acordo com Ting.

"Mas para outros sistemas planetários com diferentes condições iniciais e configurações isso pode se desfazer, levando a dinâmicas muito caóticas", afirmou o astrofísico.

Ainda segundo ele, o estudo indica que "uma fração não negligenciável de sistemas planetários é de fato instável, o que significa que sempre há planetas sendo ejetados para dentro ou para fora".

Dado que apenas uma pequena fração desses planetas desgarrados pode realmente ser engolida por sua estrela hospedeira em vez de simplesmente vagar pelo cosmos, pode haver mais desses exilados planetários do que se suspeitava anteriormente.

"Entender quais sistemas planetários são estáveis ou não é um objetivo de longa data dos teóricos da dinâmica planetária", disse Ting.

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