Foguete da SpaceX falha, e agência americana decide suspender novos lançamentos

Segundo estágio do Falcon 9 se despedaçou no espaço durante missão com satélites da Starlink

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Bloomberg e Reuters

O segundo estágio de um Falcon 9, da SpaceX, despedaçou-se no espaço durante uma missão para transportar 20 satélites do serviço de internet Starlink, marcando a primeira falha com esse modelo de foguete desde 2016.

Após o episódio, a FAA (agência que regula aviação civil e lançamentos comerciais de foguetes nos EUA) decidiu nesta sexta (12) que a empresa de Elon Musk só pode tornar a fazer lançamentos do modelo quando investigar o que houve e receber uma nova aprovação.

Esse processo pode levar várias semanas ou meses, dependendo da complexidade da falha e do plano para corrigi-la.

O veículo decolou da base da força espacial de Vandenberg às 23h35 (de Brasília), na Califórnia, para enviar 20 satélites para a órbita terrestre baixa.

O segundo estágio, onde estava a carga, alcançou o espaço. Seu motor, porém, falhou na segunda tentativa de reiniciar para empurrar os satélites para a órbita. A falha, de acordo com a SpaceX, ocorreu depois que engenheiros detectaram um vazamento de oxigênio líquido.

O vídeo da transmissão do lançamento mostrou pedaços de material gelado se formando no foguete e, depois, desprendendo-se no espaço.

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Segundo estágio do Falcon 9, com satélites do serviço de internet Starlink, lançado na noite desta quinta (11) - @NasaSpaceflight no X/Reprodução

A tentativa de reiniciar o motor "resultou em um RUD do motor por razões atualmente desconhecidas", escreveu Musk, na madrugada desta sexta (12) na rede social X, usando um acrônimo da indústria para desmontagem rápida não programada, o que geralmente significa explosão.

Ainda segundo Musk, a SpaceX estava atualizando o software dos satélites para forçar seus propulsores a bordo a disparar com mais força do que o habitual para evitar uma reentrada atmosférica em chamas. Mas, de acordo com o próprio bilionário, "ao contrário de um episódio de Star Trek, isso provavelmente não funcionaria, mas valeria a pena tentar".

Depois, ele confirmou que os satélites inevitavelmente reentrariam na atmosfera da Terra e se desintegrariam completamente.

Analistas do setor dizem que, juntos, os satélites da missão podem valer pelo menos US$ 10 milhões (R$ 54,5 milhões) —a SpaceX lançou cerca de 7.000 satélites da Starlink para o espaço desde 2018.

O fracasso quebra uma sequência de sucesso de mais de 300 missões consecutivas durante as quais a SpaceX manteve sua dominância na indústria de lançamentos. Muitos países e empresas espaciais contam com a empresa para enviar seus satélites e astronautas ao espaço.

A última grande falha em voo de um Falcon 9 aconteceu em 2015, quando um veículo que transportava carga para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) se desintegrou no trajeto para o espaço. Em 2016, outro explodiu durante um teste de abastecimento na plataforma de lançamento antes de decolar.

Apesar desses incidentes iniciais, a SpaceX manteve um histórico quase perfeito de lançamentos bem-sucedidos de foguetes desse modelo nos últimos dez anos. A empresa se orgulhou de 96 lançamentos bem-sucedidos de Falcon 9 e Falcon Heavy em 2023.

O voo desta quinta foi o 70º lançamento da família de foguetes Falcon da SpaceX desde janeiro. A empresa pretende fazer até 148 voos neste ano.

"Sabíamos que essa incrível sequência teria que acabar em algum momento", afirmou Tom Mueller, ex-vice-presidente de propulsão da SpaceX que projetou os motores do Falcon 9, em resposta a Musk no X. "A equipe vai corrigir o problema e iniciar o ciclo novamente."

Nos últimos anos, o Falcon 9 tem sido usado nos voos da Crew Dragon, da SpaceX, para enviar tripulações da Nasa para a Estação Espacial Internacional. Procurada, a agência espacial não respondeu.

A Nasa tem ajudado a Boeing a corrigir problemas com a cápsula Starliner, que está no meio de uma missão de teste de alto risco para provar que pode se tornar a segunda opção americana para levar astronautas à órbita.

Embora o voo do Falcon 9 tenha sido uma missão interna, a falha e a investigação acerca da sua causa podem impactar o cronograma das próximas missões.

"É extremamente raro o Falcon falhar. Eles têm uma taxa muito melhor do que quase qualquer outro foguete desenvolvido em termos do sucesso de sua missão", disse Will Whitehorn, presidente da empresa de capital de risco Seraphim Space Investment Trust.

A SpaceX estava pronta para lançar no fim deste mês a missão Polaris Dawn, com uma tripulação de quatro astronautas —incluindo o bilionário Jared Isaacman— para a primeira caminhada espacial comercial com novos trajes espaciais projetados pela empresa.

Isaacman disse que espera que a SpaceX se recupere rapidamente. "Quanto à Polaris Dawn, voaremos sempre que a SpaceX estiver pronta e com total confiança no foguete, nave espacial e operações", escreveu ele no X. Musk respondeu à mensagem dizendo que o problema será investigado.

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