Descrição de chapéu Deutsche Welle

Viajar para Marte poderá resultar em problemas renais graves

Voos espaciais alteram a estrutura e a função dos rins, dizem especialistas

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DW

Para o magnata Elon Musk ou para a Nasa, chegar a Marte não é apenas possível, mas um objetivo. A agência espacial estima que os humanos poderão chegar ao planeta vermelho em 2040, enquanto o dono da SpaceX mira 2029.

Mas a coisa não é tão fácil assim: na maior análise sobre a saúde renal dos astronautas até agora, um grupo de pesquisadores constatou que uma viagem de ida e volta a Marte poderia colocar os viajantes espaciais em diálise. Os detalhes foram publicados no mês passado na revista Nature.

Os autores lembram que a exposição à radiação espacial, por exemplo, dos ventos solares ou da radiação cósmica galática (GCR, na sigla em inglês), gera problemas de saúde, como perda de massa óssea, enfraquecimento do coração e da visão e desenvolvimento de cálculos renais.

A imagem mostra uma superfície rochosa com várias formações e texturas. O terreno é predominantemente marrom-avermelhado, típico da superfície de Marte. Há várias rochas de diferentes tamanhos e formas espalhadas pelo solo, com algumas áreas apresentando padrões de erosão e fissuras.
Solo de Marte em registro feito pelo rover Curiosity - Nasa/JPL-Caltech/MSSS/AFP

"Sabemos o que aconteceu com os astronautas em missões espaciais relativamente curtas até agora, em termos de aumento de problemas de saúde, como pedras nos rins", disse o autor principal Keith Siew, do Tubular Centre, em Londres, num comunicado do University College London. "O que não sabemos é por que esses problemas ocorrem e o que acontecerá com os astronautas em voos mais longos, como a missão proposta para Marte."

Testes de radiação em ratos

Para saber quanto a GCR afeta os rins dos astronautas, os pesquisadores expuseram ratos a doses simuladas de radiação equivalentes às que um viajante espacial receberia em uma missão a Marte, com duração de um ano e meio e de dois anos e meio.

Os cientistas observaram que os rins dos animais mostram sinais de contração após menos de um mês no espaço. Embora eles suspeitem que isso possa ser causado pela microgravidade, é necessário seguir pesquisando sobre o impacto conjunto da GCR.

Num cenário mais alarmante, qualquer astronauta que viajar a Marte e voltar dentro de três anos e for exposto à GCR poderá sofrer danos permanentes ou perda da função renal.

"Se não desenvolvermos novas maneiras de proteger os rins, eu diria que, mesmo que um astronauta consiga chegar a Marte, ele poderá precisar de diálise no caminho de volta", adverte Siew.

"Sabemos que leva tempo para os rins mostrarem sinais de danos causados pela radiação. Quando isso se torna aparente, provavelmente é tarde demais para evitar falhas renais, o que seria catastrófico para as chances de sucesso da missão."

O coautor Stephen Walsh levanta a possibilidade de que um medicamento possa proteger os rins dos astronautas no futuro: "Não é possível proteger os rins da radiação galática com um escudo, mas, à medida que aprendemos mais sobre a biologia dos rins, pode ser possível desenvolver medidas tecnológicas ou farmacêuticas para facilitar viagens espaciais prolongadas."

"Quaisquer medicamentos desenvolvidos para astronautas também podem ser benéficos aqui na Terra, por exemplo, permitindo que os rins de pacientes com câncer tolerem doses mais altas de radioterapia, pois os rins são um dos fatores limitantes nesse sentido", conclui.

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