Quando quer botar banca, o carioca põe-se a citar as estações dos ramais da Central e da Leopoldina, algumas das quais já desapareceram. Equivale a saber de cor as antigas escalações dos times de Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense, Bangu.
Por um lado, Mangueira, São Francisco Xavier, Riachuelo, Sampaio, Engenho Novo, Méier, Engenho de Dentro, Piedade, Quintino, Cascadura, Madureira, Osvaldo Cruz, Bento Ribeiro... Por outro, Manguinhos, Bonsucesso, Ramos, Olaria, Penha, Penha Circular, Brás de Pina, Cordovil, Lucas, Vigário Geral... A certa altura da viagem a memória descarrila, e o sabichão esquece ou pula um nome.
Não é preciso ser um técnico de gabinete para saber que a melhor opção de mobilidade nas grandes metrópoles é o trem. No entanto, é o tipo de transporte que mais sofre com o descaso. Na segunda (18), passageiros enfrentaram atrasos e vagões lotados porque 40 trens foram retirados de circulação. As composições apresentam problemas nas caixas de tração, engrenagem de energia e rodas. Sem prazo para a conclusão dos reparos, mais de 400 mil pessoas ficarão prejudicadas por dia.
Os ônibus rendem muito mais --para o bolso dos políticos. Com a delação de Lélis Teixeira, a famosa caixinha da Fetranspor começa a ser aberta. Pelos menos 30 autoridades receberam dinheiro. Pense em um nome e ele está na lista: Garotinho, Cabral, Pezão, Paes, Crivella, Jorge Picciani, Carlos Roberto Osório, Júlio Lopes e mais deputados estaduais, vereadores e conselheiros do Tribunal de Contas. Em troca de benefícios e isenções fiscais, os aumentos de passagem foram muito maiores que a inflação.
Voltando aos trens, o carioca só entra neles com alegria uma vez por ano. No Dia do Samba, dois de dezembro, quando há festa na viagem da Central a Osvaldo Cruz. Festa que está ameaçada --a prefeitura não quer apoiar o evento.
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