Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva
Descrição de chapéu Rio

Quanto mais quente, pior

O signo do desastre rege as previsões climáticas

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Na semana em que o Rio registrou picos de 41ºC, ao menos não ouvi ninguém dizer que "ligaram o maçarico" ou que o clima estava "senegalesco". Tampouco o velho filme de Nelson Pereira dos Santos, "Rio 40 Graus", foi lembrado. Os lugares-comuns cederam a correlações ainda mais dramáticas. A cidade foi comparada ao deserto de Danakil, na Etiópia, e ao Vale da Morte, na Califórnia, considerado o local mais quente do mundo.

Desmoralizado, o inverno resolveu marcar sua despedida ofertando uma onda de calor. Situação ideal para a prática de um dos esportes preferidos do carioca: reclamar do tempo, qualquer tempo, faça sol ou chuva. Além de bramir contra a canícula, o jeito foi seguir as recomendações médicas: beber muita água, usar roupas leves, ventilar a casa e só trabalhar na parte da manhã —como se isso fosse possível.

A onda de calor não foi um privilégio do Rio, atingiu quase todo o Brasil. Um sistema de alta pressão atmosférica, espécie de anticiclone, elevou a temperatura acima dos 40ºC em cerca de um terço do país. A massa de ar quente e seco, preveem os meteorologistas, irá permanecer durante o fim de semana. E pode virar um novo normal.

Segundo cientistas, teremos uma primavera e um verão inesquecíveis no quesito quentura. Favorecido pelo aquecimento dos oceanos Pacífico e Atlântico, o fenômeno El Niño está mais poderoso do que nunca, prenunciando secas e inundações. No curto ou no longo prazo, o signo do desastre rege as previsões. O estresse térmico deve fazer de Belém, capital do Pará, a segunda cidade mais quente do planeta em 2050. E a humanidade caminha hoje para enfrentar um aumento de 2,6ºC na temperatura média global.

O que também parece irreversível é a doutrinação negacionista. A cada nova tragédia climática, a desinformação segue a regra de negar a gravidade do fato, depois mentir sobre o fato e, por último, fingir que não mentiu.

Praia de Ipanema na quinta-feira (21/9) - Yuri Eiras/Folhapres

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