Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Bandos armados nos planos de golpe

O liberou geral de armas para criminosos pode não ser só descuido

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Depois do fim da saída temporária de presos em datas comemorativas –projeto aprovado no Senado por 62 votos a dois, com anuência de partidos da base governista–, mais pautas ligadas à segurança serão debatidas. Entre elas o aumento de penas para quem comete furto (de um para dois anos de reclusão), roubo com lesão corporal grave (de 7 para 16 anos) e latrocínio (de 20 para 24). Assim como tornar obrigatória a decretação de prisão preventiva na audiência de custódia em casos de crime hediondo e roubo.

Desnecessário dizer que a revisão penal tem amplo apoio popular. Não poderia ser diferente: a sensação de insegurança é geral. No Rio um celular é roubado a cada 10 minutos; esse tempo é ainda mais curto em São Paulo.

Um fator determinante para o sucesso dos projetos punitivos é a movimentação da bancada dos CACs, que em número de parlamentares supera 10 partidos, entre os quais o PSOL/Rede, o PSB e o Podemos. São 23 representantes, 16 deputados e 7 senadores, que receberam 18,6 milhões de votos, com apoio do movimento Proarmas, maior associação armamentista do país.

O paradoxal é que uma parte dos CACs não é formada por caçadores nem atiradores esportivos, tampouco por colecionadores. São puramente criminosos. Um levantamento do TCU mostrou que 5.200 condenados pela Justiça conseguiram, entre 2019 e 2022, obter, renovar ou manter o registo de CAC. Eles respondem a acusações por porte ou posse ilegal de armas, lesão corporal e tráfico de drogas. De acordo com a auditoria, o Exército liberou armas de fogo para 2.690 pessoas com mandados de prisão em aberto. Noventa e quatro mortos "compraram" mais de 16.000 munições.

A história é tão absurda que é difícil acreditar em descuido ou desorganização. A suspeita é que um bando armado, além de prestar serviços a traficantes e milicianos, estava à espera de um estopim para aderir aos planos de golpe de Estado.

Armas de grosso calibre sobre uma mesa
Armas apreendidas pela Polícia Civil de São Paulo em clube de tiro e em três residências - Divulgação/Polícia Civil

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