Américo Martins

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Américo Martins

Governo britânico quer controlar vício em jogos de azar e pornografia

Ministério limitou apostas em máquinas caça-níquel e pretende elevar barreira a sites adultos

Quadro-negro aparece em pedestal em calçada, com o logo da marca Ladbrokes, de apostas, na parte de cima em fundo vermelho; à direita mulheres enroladas em bandeiras britânicas esperam
Quadro-negro mostra proporções de apostas para os nomes do novo bebê real e para o vestido de Kate Middleton pouco antes de a duquesa de Cambridge dar à luz a Charlotte, em 2015 - Neil Hall - 2.mai.15/Reuters

O governo conservador da primeira-ministra Theresa May está tentando controlar dois dos maiores vícios dos britânicos: em jogos de azar e pornografia.

Na semana passada, o Ministério dos Esportes anunciou uma medida drástica para diminuir os prejuízos dos viciados em jogos: limitou a apenas duas libras esterlinas (cerca de R$ 10,00) o valor das apostas nas milhares de máquinas caça-níqueis espalhadas pelo país.

Antes disso, as pessoas podiam apostar até 100 libras esterlinas (cerca de R$ 500,00) a cada 20 segundos nas máquinas. Muitos perdiam fortunas, apostando seguidamente todos os dias pela tentação de ganhar dinheiro fácil, na hora.

No caso da pornografia, a coisa é mais complicada –devido à facilidade em se obter esse tipo de conteúdo online.

De qualquer forma, o governo já anunciou que pretende colocar em prática até o fim do ano medidas para controlar o acesso de menores de idade a sites proibidos.

É possível que seja exigido que os sites verifiquem de alguma forma a idade dos usuários.

O problema com esses vícios parece ser mais claro na questão dos jogos de azar, onde há um efeito econômico direto na conta bancária dos viciados.

A indústria do jogo é legal e tradicional no Reino Unido, movimentando nada menos do que 14 bilhões de libras esterlinas por ano (cerca de R$ 70 bilhões).

Trata-se da terra das famosas casas de apostas, onde as pessoas podem fazer uma fezinha em praticamente tudo.

Quem gosta de arriscar pode colocar dinheiro, por exemplo, na Arábia Saudita para ganhar a Copa do Mundo –se a zebra saudita ganhar, o apostador leva mil libras para cada uma apostada.

Durante anos, permitiu-se que as casas de apostas diversificassem seus produtos, o que levou à instalação de 183 mil máquinas caça-níqueis nas lojas.

Os impostos e empregos gerados por elas foram sempre muito bem-vindos pelo governo. Até que se descobriu que quase 500 mil britânicos são viciados nessas máquinas.

Outras 1,5 milhão de pessoas também apostam com grande regularidade, correndo o risco de criar uma dependência crônica.

Com a divulgação desses números, teve início uma campanha contra as máquinas –e o governo acabou adotando a restrição no valor das apostas.

O vício em pornografia também parece aumentar cada vez mais.

Uma reportagem recente do jornal London Evening Standard mostrou que está havendo uma explosão no número de pessoas que procura tratamento para esse vício nas principais clínicas do país.

Segundo os responsáveis pelas clínicas, cerca de 90% dos viciados em pornografia são homens, em sua maioria adolescentes ou jovens adultos.

O problema, nesse caso, é que os viciados em pornografia poderiam ter dificuldades para se relacionar com parceiros sexuais reais.

Além disso, poderiam sofrer de depressão e chegar até a ter alguma disfunção sexual causada pelo excesso de estímulo provocado pela pornografia —segundo os médicos das clínicas especializadas.

Por isso ou por uma questão moral, o governo decidiu agir nessa área também.

Resta saber como os políticos vão conseguir limitar o acesso a esse tipo de material sem apelar para algum tipo de censura —que seria um grande retrocesso num país de tradição democrática como o Reino Unido.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.