Ana Cristina Rosa

Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

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Ana Cristina Rosa

Não basta ser negro

Para quem é negro, não basta alcançar o sucesso, é preciso se posicionar

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Os números são claros e cruéis ao comprovar que pessoas negras ainda ocupam os postos de trabalho mais precários. Entre os que desempenham atividades braçais, 85,9% são negros.

A situação se inverte nos postos de comando ou nos cargos que requerem qualificação técnica, casos em que negros formam uma minoria constrangedora. Os dados são do IBGE.

A conjuntura não é novidade, mas segue expondo, dia sim outro também, o poder e o impacto que as atitudes de negros bem-sucedidos podem exercer no enfrentamento desta chaga humanitária chamada racismo.

Quando um negro alcança uma posição de destaque, junto com o êxito deveria vir uma espécie de compromisso tácito de representatividade. Mas para isso é preciso entender e abraçar a responsabilidade associada ao sucesso.

É o que vem fazendo com bastante propriedade —e enorme repercussão— o hexacampeão de Fórmula 1 Lewis Hamilton. Nos últimos meses, o britânico aderiu ao enfrentamento do racismo, entre outras causas.

A tenista japonesa Naomi Osaka, apontada como uma das atletas mais bem pagas da atualidade, é outro ícone recente da luta antirracista. Bicampeã do US Open, antes de cada partida do torneio deste ano ela usou uma máscara com o nome de uma pessoa negra morta brutalmente pela polícia nos EUA, como George Floyd, cujo assassinato desencadeou manifestações no mundo todo.

Os dois ídolos entenderam que, na luta antirracista, representatividade implica reconhecer a condição do oprimido e dispor-se a usar os privilégios que acompanham a fama e a fortuna a serviço tanto do combate ao preconceito quanto do fomento do sentimento de pertencimento.

Como bem escreveu Thiago Amparo nesta Folha, "diante do racismo, não temos tempo para titubear". Anseio pelo dia em que todos os negros brasileiros de destaque e sucesso exerçam seus papéis de liderança, a exemplo do piloto e da tenista. Para quem é negro, não basta alcançar o sucesso. É preciso se posicionar.

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