Ana Cristina Rosa

Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

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Descrição de chapéu Todas violência

Crime não é brincadeira

O que magoa, ridiculariza, exclui e pode levar à morte, dentro ou fora da escola, não é brincadeira

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Brasília

Escola deveria ser um lugar seguro de desenvolvimento cognitivo, cultural, social, e de respeito à diversidade. Mas tem se revelado uma arena de dor e sofrimento para mais de 10% das crianças e adolescentes no país.

Não por acaso, o Brasil está entre os lugares do mundo em que mais alunos se sentem solitários na escola: 11% relatam sofrer bullying frequentemente e 1 a cada 10 sente-se inseguro em sala de aula (segundo dados do Pisa 2022).

O que muitos insistem em classificar de "brincadeira" inclui racismo e homofobia. É crime.
Negros e homossexuais são os alvos preferenciais de agressões, insultos, comentários maldosos e apelidos pejorativos sobre a aparência e sexualidade.

Definido como prática sistemática de agressões e intimidações, o bullying engloba violência física e psicológica. Pode causar fobia, retração emocional, apatia, falta ou excesso de apetite, queda no rendimento escolar, crises de pânico e ansiedade, náuseas e vômitos.

De tão nocivo, serve de gatilho para desfechos fatais. Em agosto, um aluno negro, homossexual e bolsista do Colégio Bandeirantes, na capital paulista, sucumbiu ao tormento diário dos ataques impingidos por colegas.

A taxa de suicídios entre jovens cresceu 6% no Brasil no período de 2011 a 2022. E os casos de autolesões aumentaram 29% ao ano, nesse mesmo intervalo de tempo, na faixa etária de 10 a 24 anos (conforme estudo da Fiocruz feito em colaboração com pesquisadores da Universidade Harvard).

Desde janeiro de 2024, o bullying está incluído no Código Penal. Além de multa, é passível de penas de reclusão nos casos mais sérios (lei 14.811). Contudo a maioria dos estabelecimentos educacionais opta pela omissão — ou até mesmo pelo absurdo de responsabilizar as vítimas.

Um menino está posando para a foto, usando uma camiseta azul com o logotipo da Nike. Ele está levantando a mão direita, fazendo um sinal de paz com os dedos. Ao fundo, há uma área com lixo e materiais de construção, indicando um ambiente externo.
Carlos Teixeira, 13 anos, morreu uma semana depois de dois colegas pularem sobre as costas dele dentro de uma escola estadual em Praia Grande, no litoral de São Paulo - Reprodução/TV Record

Um projeto de lei (PL 1367/24) criando um protocolo a ser seguido por gestores, professores e demais funcionários para notificar as coordenações pedagógicas sobre casos de bullying e cyberbullying em estabelecimentos educacionais tramita no Congresso.

O MEC criou grupo de trabalho para pensar políticas públicas de enfrentamento da violência.

O que magoa, ridiculariza, exclui e pode levar à morte não é brincadeira.

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