Dedico boa parte da minha vida à luta pela igualdade de gênero. O trabalho da Rede Mulher Empreendedora e do Instituto RME é proporcionar às mulheres a oportunidade de serem donas de suas decisões por meio da geração de renda e educação.
O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de feminicídios; somente no primeiro semestre deste ano, registramos 772 mulheres mortas. Esse é o maior número desde 2019, conforme levantamento do Fórum de Segurança Pública.
A violência doméstica possui muitas camadas, mas a dependência emocional e financeira se destacam. Muitas de nós acabam perpetuando situações de violência e abuso por questões financeiras; sem fonte de renda, se veem presas a essas situações. Outras relevam comentários, atitudes e comportamentos machistas e sexistas, acreditando que "homem é assim mesmo" ou até expressão de carinho. O abuso em um relacionamento nem sempre é óbvio para todos.
Mas a liberdade financeira não nos faz livres. Hoje, meu texto não traz respostas, mas sim uma única pergunta: quando as mulheres poderão viver em paz?
Esta semana, estamos acompanhando muitos casos e notícias cruéis sobre a violência contra as mulheres. Percebo muitos comentários do tipo "ela é rica e passou por isso", "se ela é bonita e foi traída e passou por isso, quem sou eu?", "ela não precisa disso, por que estava com ele?", entre muitos outros.
Se somos as vítimas, por que esperam respostas de nós? São as mulheres que precisam de respostas, ações, medidas e leis que nos protejam, assegurem nossos direitos e nossa liberdade.
Acho importante destacar que existem muitos tipos de violência contra a mulher. Para além da agressão física, a violência moral, sexual, patrimonial e psicológica também estão previstas em lei. Aquele comentário que parece inofensivo e uma "coisa de homem", que citei no começo do texto, pode se desdobrar em episódios graves de violência.
Às mulheres, eu desejo que todas possamos ser donas de nossas vidas. E é através da informação, estudo, trabalho e apoio de outras mulheres que conseguimos nos manter em pé. Àqueles que elegemos, à sociedade civil e aos homens que desejam ser aliados, a violência contra as mulheres é um problema de todos. É urgente, é cruel e precisa de ações de eliminação.
E como combatemos a violência de gênero? Primeiro, apoiando e oferecendo ferramentas às vítimas para se reerguer. Educação, conscientização e implementação de políticas públicas de igualdade e programas educativos são caminhos para a redução desses casos. Como empreendedora social e à frente da RME, assumo a responsabilidade, em conjunto com grandes parceiros, de promover projetos que trabalham habilidades técnicas com autoconfiança e auxílio financeiro para as mulheres de todo o Brasil.
Convido todos a conhecer o videocast "Substantivo Feminino" lançado pelo YouTube Brasil, Rede Mulher Empreendedora, Gênero e Número, Internet Lab e CaseFala, disponivel no canal da Rede Mulher Empreendedora, no qual converso com especialistas e criadoras de conteúdo a fundo sobre o enfrentamento à cultura de ódio às mulheres. Em vez de apenas nos revoltarmos em rodas de conversa ou nos caracteres que cabem em um tweet pergunto: o que faremos pela paz das mulheres?
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