Ana Fontes

É empreendedora social e fundadora da RME (Rede Mulher Empreendedora). Vice-presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República

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Ana Fontes
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Você se tornou quem queria ser quando cresceu?

Diferentemente de quem cresceu com a ideia de que sucesso é ganhar mais, jovens entendem que isso não é uma linha reta

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Mãe de duas meninas, uma jovem e uma adolescente, o futuro delas sempre foi uma preocupação compartilhada. Apoio, incentivo, cobro, puxo a orelha mesmo, coisa de mãe. Dia desses vi uma matéria que os jovens não querem mais estar em cargos de liderança e, nos comentários, muitas críticas a isso, inclusive que muitos desses jovens eram folgados. Será que são?

Antes de empreender, enfrentei o mundo corporativo por muitos anos. A expressão ‘’tem que estudar para ser alguém na vida’’ era recorrente entre meus pais. Em uma família com muitas dificuldades, apesar do peso dessa frase, ela também representava a luz no fim do túnel para aquela vida sofrida que levávamos. O valor da educação levei adiante, repassei para minhas meninas e adicionei outros valores, como a liberdade, o empoderamento, aprender e saber quem é.

Voltando àquela matéria que mencionei anteriormente, os motivos pelos quais os jovens não querem alcançar cargos de liderança variam desde ter tempo para cuidar da saúde física e mental até buscar o equilíbrio entre ambos os lados. A matéria também mencionava como ressignificaram o termo sucesso.

.Fotografia de uma jovem negra com tranças trabalhando e sorrindo em frente a um computador
Uma reportagem dizia que os jovens não querem mais estar em cargos de liderança e, nos comentários, muitas críticas a isso, inclusive que muitos deles eram folgados. Será que são? - Freepic

Diferentemente de quem cresceu com a ideia de que sucesso era subir posições, ganhar mais responsabilidades, ganhar mais dinheiro, eles entendem que o sucesso não é uma linha reta, uma corrida com linha de chegada. E eu acho isso muito corajoso da perspectiva deles.

Apesar de entender a educação como fonte de transformação, também percebo como o mercado está precarizado e a educação sucateada. Os termos em inglês muitas vezes escondem sua realidade. Será que multitasking, na verdade, não seria uma pessoa garantindo o trabalho de outras três e ganhando apenas por uma?

A kitnet virou estúdio e, mesmo assim, a grande maioria das famílias brasileiras não pode comprar e morar. As especializações são caras e os salários não acompanham, nem entrarei no mérito de especialistas não especializados, isso fica para outro artigo.

Quando os jovens se desafiam a entender o sucesso também como criatividade, liberdade, compartilhar mais do que competir, estão desafiando um sistema, muitas vezes, exploratório.

Para finalizar, faço uma provocação: enquanto uma geração se espelha na outra para erros e acertos, será que grande parte desses jovens enxerga os adultos de hoje cansados, com gastrite nervosa e muitas vezes frustrados e pensam ‘’opa, não quero seguir esse caminho’’. Enquanto adultos, podemos achar que sabemos mais ou que temos um melhor caminho do que o outro, mas acredito que a gente tem muito a aprender com eles.

Seus sonhos são seus? Suas metas são realmente suas? Você se tornou o que queria ser quando cresceu, ou só seguiu um caminho que lhe foi imposto?

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