Angelo Ishi

Angelo Ishi é jornalista, sociólogo e professor titular da Musashi University em Tóquio, onde reside desde 1993.

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Descrição de chapéu Tóquio 2020

Mangá e revistas inspiram medalhistas japoneses

Publicações têm ajudado a elevar o capital cultural esportivo da população

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Ao derrotar Nesthy Petecio na categoria até 57 kg, Sena Irie se consagrou como a primeira japonesa a ganhar uma medalha de ouro no boxe feminino em Olimpíadas.

Uma das mensagens de congratulação que recebeu foi de Yu Koyama, autor de “Ganbare Genki”. O mangá, que conta a trajetória de um garoto até virar pugilista, fez sucesso na década de 1970 e virou animê nos anos 1980. A mãe de Irie tinha a coleção em casa. Foi lendo esse mangá que ela se animou a entrar no mundo do boxe, e a atleta já declarou que até mesmo algumas técnicas da sua luta assimilou dali.

Sena Irie exibe a medalha de ouro conquistada no boxe na categoria até 57 kg
Sena Irie exibe a medalha de ouro conquistada no boxe na categoria até 57 kg - Ou Dongqu/Xinhua

Histórias como a de Irie são comuns no Japão. De mangás de futebol a romances de beisebol, muitos esportistas se lembram de algum livro ou revista que despertou o interesse pela modalidade. A potência olímpica japonesa não foi construída só com boa infraestrutura para treinos e competições. Foi graças a uma sólida indústria editorial e um povo que valoriza a leitura —e prestigia as publicações impressas.

Apesar de todos dizerem que os japoneses leem cada vez menos e que o setor editorial está em uma crise sem precedentes, o fato é que o Japão é um dos raros países do mundo em que jornais, revistas e livros ainda vendem muito bem. O Yomiuri, jornal de maior circulação no país, é também o maior do mundo, com impressionantes 8 milhões de exemplares diários.

Mas o que acho mais incrível é o número de jornais esportivos. Conheço ao menos seis de circulação nacional: Nikkan Sports, Tokyo Sports, Sponichi, Sanspo, Sports Hochi, Daily Sports. Sem contar outros de circulação regional. O líder de mercado, Nikkan Sports, tem 1,7 milhão de exemplares diários.

A variedade e a quantidade de revistas especializadas em esportes também me surpreende. Na livraria de bairro que costumo frequentar, posso comprar até uma revista mensal de medicina esportiva, a Sports Medicine. Na edição mais recente, você encontra artigos que variam de “como corrigir a sua respiração” até “o futuro da educação dos terapeutas de judô” (o terapeuta de judô é uma profissão regulamentada, em que profissionais especializados ajudam na reabilitação dos judocas sem recorrer a cirurgias).

Outras revistas que encontro na livraria: Number (ótima revista, líder do mercado), Golf Digest, Cycle Sports, Swimming Magazine, F1 Sokuho (sobre Fórmula 1), Running Magazine Courir (de atletismo), Shukan ProWrestling (semanário sobre luta livre).

Há várias publicações de beisebol, o esporte mais popular no arquipélago. Mas, pasme, só de futebol há Footballista, Soccer Digest, World Soccer Digest, Soccer Clinic, Soccer Magazine, Soccer King... E outras tantas edições especiais, como a Kookoo Soccer, só sobre torneios intercolegiais. Não há dúvida de que todas essas publicações têm ajudado a elevar o “capital cultural esportivo” da população.

Esta série foi concebida para comentar as Olimpíadas, então esta é a minha coluna de despedida. É uma pena que eu tenha que escrevê-la antes de assistir à cerimônia de encerramento. Meus olhos se voltam agora para as Paraolimpíadas. Torçamos para que elas aconteçam, com menos problemas e mais público!

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