Antonia Pellegrino e Manoela Miklos

Antonia é escritora e roteirista. Manoela é assistente especial do Programa para a América Latina da Open Society Foundations. Feministas, editam o blog #AgoraÉQueSãoElas.

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Antonia Pellegrino e Manoela Miklos

Quem está por nós?

Iniciativas mostram o que pensam as chapas sobre violência contra a mulher

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A campanha começou. Candidatas e candidatos estão em todo canto defendendo os homens de bem. Os homens de bens. E quem é que defende os direitos das mulheres? Quem tem propostas consistentes para o combate à violência de gênero? Quem está por nós?

O debate público é hoje esse pandemônio. As chapas vão à TV e falam exaustivamente umas das outras, mas pouquíssimo sobre os problemas que temos e como podemos desenhar soluções democraticamente. As discussões na internet são inócuas. Os planos de governo e demais materiais disponíveis online por cada candidatura são um insumo interessante mas incontestavelmente insuficiente para quem quer entender o que pensa quem quer governar as mulheres do Brasil sobre as mulheres do Brasil. O que fazer?

Diante da debilidade das informações que a maioria das candidaturas oferecem, considerando o desalento que têm sido os debates e os programas eleitorais transmitidos pelos canais de televisão, nosso único alento —como em outros momentos decisivos da nossa história— está na capacidade de resistência e reação da nossa sociedade civil organizada. 

As organizações da sociedade civil têm feito um trabalho potente e oferecido ao eleitorado antídotos valiosos para a depauperação do debate público nacional. Têm criado condições para candidatas e candidatos falarem de verdade sobre o que pretendem. Temos que acompanhar esses esforços.

No que diz respeito especificamente à agenda dos direitos das mulheres, aqui vão alguns exemplos de gente fazendo diferença e nos dando matéria-prima para fazer escolhas informadas e convictas em outubro e novembro.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma das organizações mais importantes do país no tema ao qual se dedica, em seu encontro anual em agosto, convidou os 13 presidenciáveis para apresentar suas posições sobre segurança pública. Compareceram representantes de quase todas as candidaturas. Todos homens, infelizmente. O tema da violência contra a mulher foi abordado algumas vezes.

Em síntese, apesar das respostas evasivas de muitos sobre esse assunto, foi um dos momentos mais relevantes do ano: uma oportunidade única de saber o que passa pela cabeça daquelas e daqueles que querem nos representar.

A ativista Maria da Penha, guerreira cuja luta nos legou uma das legislações de enfrentamento da violência de gênero mais aplaudidas do mundo, também tem feito junto de sua equipe um trabalho valente. Tem recebido no Ceará os presidenciáveis e usado sua legitimidade e visibilidade para que saibamos mais do que pensa cada chapa sobre violência contra a mulher.

Nas redes sociais há igualmente iniciativas notáveis que permitem que o eleitorado decida o voto conhecendo o que cada postulante a cada cargo tem em mente sobre direitos humanos, segurança, feminismo, gênero, raça, direitos da população LGBT e demais temas que, consubstanciados, constituem a agenda das mulheres brasileiras. 

O #MeRepresenta, por exemplo, é uma plataforma que desde 2016 conecta eleitoras e eleitores a candidaturas que valorizam os direitos humanos. Vale o clique. Projetos como o Vote Nelas e o Campanha de Mulher também merecem nossa atenção.

Enfim, se presidenciáveis e postulantes a outros cargos não nos dizem o que pensam de nós, a sociedade civil organizada vai fazer com que falem. Precisamos estar atentas e acompanhar essas e outras organizações e iniciativas. Elas certamente estão por nós.

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