Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu Previdência

Lobby ruralista fica protegido da ira de Guedes na Previdência

Ministro acerta ao atacar pressão de servidores, mas deixa passar bancada do boi

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Quem ouviu a explosão de Paulo Guedes contra as mudanças na reforma da Previdência deve ter pensado que o ministro usaria um trator para derrotar qualquer grupo de interesse. Sem medir palavras, o chefe da economia acusou o Congresso de ceder ao “lobby dos servidores” e de enfraquecer o projeto para favorecer “os privilegiados”.

As letras miúdas do texto em discussão na Câmara mostram que havia uma certa ira seletiva na reação do ministro. Guedes tinha razão quando atacou a campanha do funcionalismo para preservar benefícios, mas deixou passar as pressões do consórcio ruralista, que caminha para manter suas benesses.

O projeto original do governo proibia o perdão de dívidas de produtores rurais com o INSS —coisa de R$ 17 bilhões, nas contas de economistas. O agronegócio acionou seus articuladores no Congresso e conseguiu reverter esse veto. O relator do projeto mudou a proposta de Guedes e abriu novamente a porteira.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, durante evento em Brasília, em maio deste ano
O ministro da Economia, Paulo Guedes, durante evento em Brasília, em maio deste ano - Adriano Machado/Reuters

O lobby foi escancarado. Reportagem publicada na Folha na última semana revelou que um deputado da bancada do boi apresentou uma emenda para fazer essa alteração na reforma. O texto, na verdade, havia sido redigido pelo diretor de uma associação ruralista.

Trata-se de um caso típico de manutenção de privilégios. A aprovação da mudança quebraria o espírito da reforma de Guedes, que se propõe a barrar vantagens individuais.

Os deputados do agronegócio dizem que a mudança foi negociada com o relator, Samuel Moreira (PSDB), embora o tucano negue que a alteração beneficie o setor. Os ruralistas também afirmam o governo foi alertado, mas não houve censura pública a esse movimento até agora.

A bancada do boi é a mais organizada do Congresso e costuma servir de tropa de choque para presidentes que atendem a seus desejos. Foi assim com Temer, que abriu os cofres do governo em troca de blindagem na crise da JBS. Bolsonaro e Guedes também parecem interessados em colher esse apoio político.

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