Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian

Bolsonaro escancara abuso de poder para fins particulares

Governo não disfarça arbítrios para silenciar críticos e premiar quem é subserviente

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Aconteceu na Hungria, na Turquia, na Rússia e em outros países. Aos poucos, as instituições públicas passaram a ser usadas pelos governantes para punir desafetos e atender a interesses particulares. A perseguição se tornou método, a ponto de não ser mais possível chamar essas nações de democracias.

No Brasil, o presidente se apossa do Estado de maneira cada vez mais descarada. A decisão do governo de promover um ataque direcionado à Folha, excluindo o veículo de uma licitação para assinatura de jornais, é um exemplo flagrante desse abuso de poder para fins individuais.

As críticas à imprensa sempre foram armas retóricas de Jair Bolsonaro. A medida tomada na última semana, no entanto, não representa apenas uma escalada nessa área. O governo já explora abertamente sua autoridade e o orçamento público como ferramentas para tentar intimidar e estrangular quem não estiver alinhado a suas vontades.

O presidente tratou a decisão de excluir um único veículo da licitação como mero capricho. “Eu não quero ler a Folha mais. E ponto final. E nenhum ministro meu”, disse, na sexta-feira (29), como se suas preferências pessoais servissem como balizas para o interesse público.

Bolsonaro já havia editado uma medida para suspender a publicação de balanços empresariais em mídia impressa. Citou explicitamente como alvo o jornal Valor Econômico e disse que não havia gostado de uma entrevista publicada pelo veículo.

Depois ameaçou cassar a concessão da TV Globo para se vingar do canal que divulgou o depoimento do porteiro de seu condomínio no caso Marielle. Também passou a destinar mais verba de publicidade a emissoras que têm menos audiência, mas que defendem sua agenda.

O governo nem disfarça quando recorre a atos arbitrários para tentar silenciar críticos e premiar quem é subserviente, desprezando critérios técnicos e os próprios limites do poder. Hoje a imprensa está na mira de Bolsonaro. Amanhã pode ser qualquer um que o contrariar.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.