Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Fantasma do impeachment se instalou na escolha dos vices de 2022

Fragilidade de alianças no Congresso e instabilidade política mudou cálculo de presidenciáveis

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O fantasma do impeachment se instalou nas negociações para 2022. Há poucas semanas, Jair Bolsonaro disse que vai escolher um candidato a vice "que não tenha ambição pela cadeira" de presidente. Já Lula afirmou que seu companheiro na eleição será alguém que "não pense em dar golpe". "É difícil. Mas vou escolher com carinho", completou.

A escolha de candidatos a vice já ajudou presidenciáveis do passado a abrir espaço em suas alianças para outros partidos e foi vista como uma maneira de complementar o perfil do cabeça de chapa. A fragilidade de coalizões no Congresso e a instabilidade política do país acrescentaram o risco de impeachment como mais um elemento nessa conta.

Lula disse que a vaga pode ser usada para abrigar partidos aliados. Escaldados pela escolha de Michel Temer em 2010, no entanto, dirigentes petistas afirmam que a confiança no nome será um critério indispensável. Essa visão deve aumentar as chances de um vice de esquerda.

Já Bolsonaro terá que buscar um nome para substituir Hamilton Mourão no posto. A troca vai abrir uma negociação pela vaga de vice com os partidos do centrão que formam o núcleo de apoio político do governo. O PP, que tende a abrigar o presidente, deve correr na dianteira pela indicação de um nome.

A configuração pode se tornar um problema para Bolsonaro, que já disse ter preocupação com um vice que tenha maioria no Congresso. Até aqui, Mourão serviu aqui como um fator dissuasório para o impeachment, uma vez que o centrão teme perder influência caso o general assuma o cargo. Se esses partidos tiverem o posto, o receio desaparece.

Uma lição recente partiu de um dos líderes desse bloco. O deputado cassado Eduardo Cunha conta num livro que, meses antes da abertura do impeachment de Dilma Rousseff, jantou em Nova York com dirigentes do centrão. Ciro Nogueira, chefe do PP e hoje ministro da Casa Civil, deu o que foi considerada a senha para levar Temer ao poder: "Não se tira presidente, se coloca presidente".

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