Apesar de ter se posicionado cedo na disputa presidencial, o eleitor brasileiro dá todos os sinais de que só pretende definir seu candidato a governador nos últimos dias da campanha. Uma rodada de pesquisas do Ipec mostra que pelo menos 20% dos entrevistados não escolheram nenhum nome para ocupar esse cargo em 19 corridas locais.
Esse é o terreno ideal para reviravoltas na reta final. Em 2018, o então candidato Wilson Witzel aparecia com 1% das intenções de voto a esta altura da disputa pelo governo do Rio, enquanto 30% dos eleitores não tinham candidato. Ele só disparou às vésperas da votação e conseguiu vencer no segundo turno.
Alguns estados reproduzem as condições de jogo aberto em 2022. No Rio e em São Paulo, 35% dos entrevistados estão indecisos ou declaram voto em branco ou nulo. Os números tendem a cair, porque mesmo os eleitores que agora parecem frustrados devem escolher um nome.
O que as pesquisas indicam, por outro lado, é que a eleição deste ano deve ser mais confortável para os candidatos à reeleição nos estados.
Em 2018, só 10 dos 20 governadores que disputaram um segundo mandato venceram. Agora, eles lideram 15 das 18 corridas pesquisadas pelo Ipec nesses casos. Em Rondônia e no Amazonas, estão empatados em primeiro lugar, enquanto o paulista Rodrigo Garcia corre o risco de ficar fora do segundo turno.
O cenário atual também favorece veteranos: ACM Neto (BA), Clécio Luis (AP), André Puccinelli (MS), Marília Arraes (PE) e Fernando Haddad (SP) lideram em seus estados. É um sinal de que o eleitor se aproxima de nomes conhecidos, mas pode não ter feito uma escolha definitiva.
Tanto a onda pró-reeleição como a apatia de parte dos eleitores ajudam a explicar por que as disputas locais não registraram uma disparada significativa de candidatos apoiados por Lula ou Jair Bolsonaro. Apesar de exceções como Tarcísio de Freitas (SP), o recall e a máquina dos governadores parecem pesar mais até aqui do que a força dos padrinhos.
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