Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

Lula é o superministro de seu próprio governo

Autoridade concentrada no presidente eleito trava articulações e sinais sobre economia

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No mesmo dia, dois petistas que frequentam o círculo de conselheiros de Lula admitiram que a equipe de transição está com problemas. O senador Jaques Wagner disse que a falta de um ministro da Fazenda atrapalha a proposta para alargar o Orçamento de 2023. A presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, não gostou do comentário e afirmou que a principal falha é a articulação política.

No fundo, os dois auxiliares do presidente eleito têm razão. A mais de um mês da posse, Lula não tem nenhuma obrigação de revelar seus ministros. A ausência de nomes para comandar as principais áreas do governo, no entanto, passou a travar alguns pontos do trabalho da equipe de transição.

Uma das explicações dos petistas é que Lula não centraliza apenas a escolha da futura equipe de governo. Ele também é o único que tem autoridade para negociar e emitir sinais sobre os principais temas de economia e política. Na prática, é um superministro que concentra poder nessas e em outras áreas.

É por isso que Fernando Haddad, cotado para o Ministério da Fazenda, foi a uma conferência de banqueiros na última sexta-feira (25) com o alerta de que falava em nome de Lula. O próprio presidente eleito já deixou claro que a equipe econômica se encarregará de executar a visão dele para a área.

Esse fator tem impacto direto sobre as negociações da PEC que vai abrir espaço para o pagamento do Bolsa Família. Sem um ministro da Fazenda poderoso, as mensagens sobre o enquadramento da proposta e o tamanho dos gastos para os próximos anos dependem só de Lula.

A articulação no Congresso também aguarda uma participação direta do presidente eleito. Dirigentes dos grandes partidos dizem que Lula não delegou força suficiente a nenhum integrante da equipe de transição para fazer as negociações políticas necessárias para aprovar a PEC, formar uma base aliada, definir o futuro das emendas de relator ou discutir a eleição para a presidência da Câmara.

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