Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian
Descrição de chapéu forças armadas

Novos comandantes militares terão que sufocar golpismo nos quartéis

Chefes indicados por Lula precisam restabelecer disciplina contra cultura alimentada por Bolsonaro e auxiliares

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A equipe de Lula não vê muito risco na ameaça golpista que se arrasta desde a eleição, mas também sabe que o tumulto provocado por bolsonaristas não vai desaparecer de uma hora para outra. O provável ministro Flávio Dino chamou atenção para o que deve ocorrer na virada do calendário: "Caso esses atos se prolonguem, a partir de 1º de janeiro eles serão um problema nosso".

Nos primeiros meses de mandato, Lula provavelmente terá que lidar com alguns bloqueios de rodovias e aglomerações pró-ditadura nas portas dos quartéis. Aliados do presidente eleito acreditam que a temperatura deve baixar gradualmente com a posse, mas também entendem que os bolsonaristas devem manter protestos do tipo com o objetivo de desgastar o governo.

Salvo uma crise inesperada, que amplifique insatisfações, nenhuma dessas movimentações deve ser capaz de abalar o novo governo. A verdadeira bomba que o presidente e seus auxiliares terão que desarmar está dentro da caserna.

Jair Bolsonaro e a cúpula militar alimentaram uma cultura golpista dentro das Forças Armadas. Um processo de ocupação de espaços de poder, atuação política escancarada e indisciplina fez reverberar nos quartéis a ideia de que havia uma licença para desrespeitar a democracia.

Bolsonaristas organizam manifestação antidemocrática no Comando Militar do Sudeste, em São Paulo - Karime Xavier/Folhapress

Militares da ativa passaram a se sentir livres para manifestações políticas sobre as eleições (o que já configura uma transgressão) e também para fazer ameaças à posse do presidente eleito. Um sargento da Marinha lotado no Planalto chegou a defender o assassinato de eleitores de Lula, como mostrou a Folha.

Todos eles seguem um precedente generoso aberto a pedido de Bolsonaro. O sinal verde para as tropas foi dado em junho de 2021, quando o comando do Exército decidiu livrar o general Eduardo Pazuello de punições pela participação num ato político com o presidente.

Os novos comandantes das Forças, indicados por Lula, precisarão restabelecer a disciplina para sufocar o golpismo nos quartéis.

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