Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian

Lula corre para tentar tapar buracos da governabilidade

Presidente eleito antecipa acertos políticos e trabalha para atenuar riscos no Congresso

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Quem fez o prognóstico foi o próprio Lula, antes da campanha. "Temos que saber que, além de eleger o presidente da República, temos que eleger deputados e deputadas, senadores e senadoras. Se a gente não construir maioria, vai ficar fragilizado", disse o petista, em março.

Lula soube na noite de 2 de outubro que essa fragilidade seria uma ameaça. A aliança liderada pelo PT não chegou nem perto de uma maioria no Congresso. Na Câmara, o bloco elegeu só 136 dos 513 deputados.

O número não é distante do quadro de 2002. Naquele ano, Lula se elegeu com uma aliança de três partidos e 130 deputados. No poder, ampliou a coalizão: distribuiu cargos, formou uma base com quase 300 cadeiras na Câmara e emplacou um nome do PT na presidência da Casa.

A pressão sobre Lula agora é maior do que há 20 anos. O Congresso tem um centrão bolsonarizado, que abraçou o antipetismo como bandeira eleitoral, e inchado, com 187 vagas na Câmara. Além disso, o Legislativo acumulou poder e depende menos da boa vontade do Planalto.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), conversa com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 9 de novembro - Pedro Ladeira/Folhapress

O jogo duro dos partidos com a PEC da Transição foi o primeiro sinal dos riscos que Lula pode enfrentar a partir de 2023. O petista decidiu se mexer e fez dois lances nesta terça-feira (29) para tentar tapar os buracos da governabilidade.

A primeira jogada foi o convite formal à União Brasil para ocupar cargos no governo. Ao lado de PSD e MDB, a legenda elevaria o bloco de Lula para 279 votos na Câmara.

O segundo movimento foi o apoio do PT à reeleição de Arthur Lira (PP) na presidência da Câmara, com a manutenção das verbas que abastecem redutos dos parlamentares. Aliados de Lula estimam que Lira carregue ao menos 50 votos do centrão para aprovar projetos do governo.

Ainda em março, Lula disse a apoiadores que eleger parlamentares de esquerda era prioridade: "A gente não pode votar colocando raposa no nosso galinheiro. A desgraçada da raposa vai comer as galinhas". Depois de fazer as contas, o petista teve que convidar as raposas para jantar.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.