Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian

Arranjo da equipe econômica mantém 2026 sob a asa de Lula

Opção por Haddad, Alckmin e Tebet concentra no presidente eleito poder sobre políticas da área

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A um ano da eleição, Lula avisou a aliados que nomearia um político para comandar a economia caso vencesse a disputa. O petista seguiu o plano. Escolheu Fernando Haddad para a Fazenda e foi mais longe, com outros dois políticos na área. Além de Geraldo Alckmin no Desenvolvimento, a equipe ficará completa com Simone Tebet no Planejamento.

Nomear um político para a Fazenda foi o caminho definido por Lula para obter maleabilidade na gestão da economia. A ideia era ter uma equipe que não se amarrasse a dogmas, tivesse boa interlocução com o Congresso e, principalmente, demonstrasse jogo de cintura para cumprir as determinações do chefe.

A escolha de Alckmin e Tebet parte de uma lógica diferente, mas preenche alguns desses mesmo critérios. Os dois sempre defenderam uma plataforma econômica diferente da agenda do PT. Se fossem técnicos, provavelmente não seriam ministros da área. Com DNA político, porém, eles entram no circuito das articulações com o gabinete presidencial.

Fernando Haddad e Lula em anúncio da equipe ministerial do novo governo - Adriano Machado/Reuters

Aliados de Lula dizem que o petista contratou uma alta chance de conflitos ao escalar o trio na equipe econômica. Esse quadro de disputa política cria o risco de alguns desarranjos numa área sensível para o novo governo, mas ao mesmo tempo concentra no futuro presidente o poder de arbitrar e dar a palavra final diante de cada embate.

Cada um dos três ministros pretende colher resultados do próximo mandato para pavimentar seu próprio futuro eleitoral em 2026. Com isso, o trio tem incentivos para cooperar de acordo com a visão de Lula para a economia e não segundo preferências individuais. Se houver curto-circuito ou deserção, os prejuízos serão coletivos.

O arranjo dá a Lula a tarefa de administrar prováveis crises e mantém sob sua asa a distribuição do bônus político que o trio terá daqui a quatro anos. É o presidente quem vai determinar o tamanho e a liberdade que cada um deles terá no governo —o que dá ampla vantagem a Haddad desde a largada.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.