Veja o que Lula já falou sobre concorrer ou não à reeleição em 2026

Presidente disse que não concorreria devido à idade, mas tem dado sinais de mudança de ideia

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São Paulo

O presidente Lula (PT) indicou ao longo da campanha eleitoral a decisão de que, se eleito, não concorreria à reeleição em 2026.

Lula argumentava na campanha que terá 81 anos na próxima corrida presidencial (ele tem hoje 77) e que sua intenção é fazer um governo de transição, que abra espaço para "ter gente nova disputando eleições". Ele afirmou ainda antes das eleições que trabalhará para criar novos líderes para competirem.

Mas, logo no início da gestão, houve uma mudança —tanto membros do governo quanto o próprio presidente passaram a deixar a possibilidade de um novo mandato aberta em entrevistas. Mais recentemente, resolução do PT passou a apoiar oficialmente a recondução do ex-sindicalista.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante ato da campanha eleitoral no Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli - 20.out.22/Folhapress

Veja o que Lula já disse sobre concorrer ou não à reeleição em 2026:

'Tenho quatro anos'

Em 1º de julho do ano passado, Lula disse em entrevista à rádio Metrópole, da Bahia, que era candidato para a "reconstrução do país" e que gostaria de "deixar o país preparado" porque, "daqui a quatro anos, a gente vai ter gente nova disputando eleições".

"Eu não vou ser um presidente da República que está pensando na sua reeleição. Eu vou ser o presidente que vou estar pensando em governar este país por quatro anos e deixá-lo tinindo para que o povo brasileiro recupere definitivamente o bem-estar social, a alegria, o prazer de viver, o prazer de ser baiano, o prazer de ser brasileiro", afirmou.

Em outro momento da entrevista à rádio baiana, o petista falou em entregar o mandato em 2026 para outra pessoa o cargo de presidente. "Sonho todo dia. Quando chegar 31 de dezembro de 2026, que a gente for entregar esse mandato para outra pessoa, esse país estará bem."

'Não penso em reeleição'

Em 27 de julho de 2022, Lula afirmou em entrevista ao portal UOL que a reeleição é um instrumento positivo, mas que ele não deseja usá-lo.

"A única coisa boa que o Brasil copiou dos Estados Unidos é o direito de reeleição de um mandato. Porque você é eleito o presidente da República, em quatro você não tem tempo de fazer muita coisa.", disse.

"Então, eu acho justo que um presidente tenha direito, que um prefeito tenha direito, que um governador, e acabou. Se ele quiser ser candidato, ele espera. Eu acho justo isso, é uma coisa boa."

Lula, no entanto, deu a entender que quer fazer um mandato com aprovação popular e não concorrer novamente.

"Obviamente, veja que eu vou dizer uma coisa para você, e que eu tenho medo que seja a manchete, veja: eu, sinceramente, não penso em reeleição. Eu quero cumprir um mandato com a maior competência possível. Eu saí do governo dia 1º de janeiro de 2011 com 87% de bom e ótimo, 10% de regular e 3% de ruim e péssimo. Esse ruim péssimo deve ter sido do comitê dos meus adversários. E eu não posso sair com menos agora."

"Eu não quero [concorrer à reeleição], eu não tenho idade. Eu vou estar com 81 anos, cara. Eu não quis um terceiro mandato quando o PT queria aprovar o terceiro mandato, que eu tinha 87% de bom, eu não quis o terceiro mandato", continuou.

'A natureza é implacável'

Em 27 de setembro, durante encontro para receber o apoio de quadros tucanos e ex-ministros de governos do PSDB, Lula reafirmou que não buscará um novo mandato na sequência.

"Uma coisa que eu tenho dito e que politicamente não é prudente dizer, mas todo mundo sabe que eu tenho quatro anos para fazer isso [derrotar a miséria]. Todo mundo sabe que eu tenho quatro anos. Todo mundo sabe que não é possível um cidadão com 81 anos querer a reeleição. Todo mundo sabe. Se ninguém quer saber, a natureza é implacável, ela diz", afirmou.

'Eu vou criar um líder'

Em 25 de outubro, às vésperas do segundo turno, Lula afirmou em entrevista à rádio Nova Brasil que, mesmo que algumas pessoas não gostem que ele fale isso, será presidente só por quatro anos e respondeu sobre potenciais sucessores, sem citar nomes.

"Eu sou presidente de um mandato só. Então, que os partidos políticos comecem a se preparar para indicar um sucessor. Eu, na perspectiva, vou trabalhar para tentar criar pessoas, mas um líder se faz na luta, na briga do dia a dia, no compromisso dele. Então, não é fácil criar uma liderança. Não é fácil. Eu acho que as pessoas estão livres para virarem líderes, é só querer", disse.

Ele replicou a mensagem em seu perfil no Twitter: "Eu se eleito serei um presidente de um mandato só. Os líderes se fazem trabalhando, no seu compromisso com a população".

'Preciso aproveitar um pouco a minha vida'

Em fevereiro de 2023, Lula afirmou, em entrevista veiculada pela RedeTV!, que não pretende concorrer à reeleição em 2026, mas deixou aberta a possibilidade de pleitear sua manutenção no cargo caso haja "uma situação delicada" e ele estiver com saúde para mais quatro anos de mandato.

"Se eu puder afirmar para você agora, eu falo 'não serei candidato em 2026'. Eu vou estar com 81 anos de idade. Eu preciso aproveitar um pouco a minha vida, porque eu tenho 50 anos de vida política. Isso é o que eu posso te dizer agora", disse o presidente.

"Agora, se chegar num momento, tiver uma situação delicada e eu estiver com a saúde, porque também só posso ser candidato se eu tiver com saúde perfeita, mas com saúde perfeita, 81 de idade, energia de 40 e tesão de 30 [aí posso ser candidato]."

Estímulo de Biden

No início de julho de 2023, o presidente afirmou ao SBT que recebeu a informação de que Joe Biden vai concorrer à reeleição para o comando dos Estados Unidos como um "estímulo". O mandatário, no entanto, disse que seria uma "irresponsabilidade" discutir neste momento as eleições de 2026.

"Nesses dias eu fui a Hiroshima, encontrei com o presidente Biden e eu perguntei se era verdade que ele iria concorrer. Ele falou 'vou'. Eu falei, isso é um estímulo, eu sou mais novo do que ele", disse.

Ele disse que não deixa ministros anteciparem a próxima disputa eleitoral pelo Palácio do Planalto, mas que o "dado concreto" é que ele trabalha "muito para que governo tenha um candidato".

Resolução do PT

O Partido dos Trabalhadores, em resolução aprovada pela executiva nacional em 30 de agosto, defende explicitamente a recondução de Lula ao Planalto em 2026. Segundo o deputado federal Jilmar Tatto (SP), essa é a primeira vez que a sigla defende oficialmente a reeleição do ex-sindicalista.

A proposta é mencionada em 3 dos 37 parágrafos. A decisão explicita que "as eleições municipais de 2024 demarcam um momento estratégico para a construção de uma sólida aliança popular e democrática que promova a recondução do governo Lula em 2026".

Para a legenda, um quarto mandato para Lula seria um pacto de longo prazo para distribuição de renda no Brasil, o que demanda mobilização social no maior número possível de cidades nas eleições municipais de 2024, para "mudar a realidade das cidades e localidades", e "fortalecer nosso projeto democrático e popular de país".

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