Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Escolha errada expõe bombas e algum descuido na montagem do governo

Definição da equipe de Lula tem nomes com problemas no currículo e fogo amigo

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Faltou dar um Google no nome de Edmar Moreira Camata. Escolhido para chefiar a Polícia Rodoviária Federal a partir de janeiro, ele foi o primeiro integrante do novo governo a cair, 24 horas depois de ser anunciado para o cargo. A equipe de Lula descobriu tarde que o servidor era um fã da Lava Jato e havia comemorado a prisão do petista em 2018.

O lavajatismo é considerado pelos lulistas um pecado capital. A PRF é reconhecidamente uma instituição contaminada por bolsonaristas e antipetistas em geral. A escolha errada para o comando de um órgão sensível sugere que ainda há potenciais bombas e uma dose de descuido no caminho da montagem do governo.

Outros problemas já foram identificados, mas Lula ainda não decidiu como lidar com todos eles. O PSD quer fazer o deputado Pedro Paulo ministro do Turismo. O presidente eleito disse a aliados que a escolha provocaria reações inflamadas. O parlamentar foi investigado por agressão à ex-mulher, num processo arquivado pelo STF em 2016. O tribunal atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República, que afirmou que o parlamentar não cometeu violência.

Outros nomes cotados para o primeiro escalão são alvo de fogo amigo na equipe de transição. Ana Moser, que deve ir para o Esporte, sofreu resistência entre aliados de Lula por ter sido contra a Olimpíada no Brasil, um projeto encampado pelos governos petistas. Por esse motivo, em 2015, Dilma chegou a retirar um convite feito à atleta para chefiar a Autoridade Pública Olímpica.

Alguns constrangimentos são provocados pelo comportamento político dos possíveis ministros. Com fôlego para integrar a Esplanada depois de relatar a PEC da Transição, o deputado Elmar Nascimento (União Brasil) era um adversário ferrenho de Lula na Bahia. Petistas desencavaram declarações em que ele fala em "exterminar" o PT e chama a sigla de "organização criminosa".

Nem todos esses ministeriáveis vão para a guilhotina. Os acertos partidários e outros fatores podem cobrir o custo dos problemas identificados nos currículos. O futuro governo precisa saber muito bem quem está comprando para a Esplanada.

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