Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian
Descrição de chapéu Congresso Nacional

Ataque em Brasília acelera rearranjo da relação entre Lula e militares

Incômodo expõe generais mal-acostumados com virtual imunidade durante anos Bolsonaro

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Durante a campanha, Lula alternou o tom de suas mensagens sobre as Forças Armadas. A certa altura, o então candidato denunciou o envolvimento indevido dos comandos em questões de governo e prometeu demitir 8 mil militares de cargos civis. Em outro momento, ele disse não ter queixas sobre o comportamento dos fardados: "Os militares são mais responsáveis do que o Bolsonaro".

Em conversas com aliados, Lula deixava claro o plano de enfrentar a contaminação política das Forças Armadas e reduzir sua influência em assuntos que não fossem da esfera militar. Os petistas reconheciam, porém, que seria preciso ter alguma cautela para evitar que potenciais atritos produzissem uma crise.

O novo presidente começou o mandato pisando em ovos. Empossou um ministro da Defesa escolhido para agradar à cúpula militar e aceitou a indicação de comandantes das Forças pelo critério da antiguidade, praticamente sem interferência.

A reação da caserna não foi tão amistosa. Lula precisou engolir uma ameaça de insubordinação na transferência da chefia das tropas. Pela primeira vez desde a redemocratização, o antigo comandante da Marinha se recusou a participar da passagem de bastão ao sucessor.

O ataque de 8 de janeiro acelerou o rearranjo inevitável da relação entre Lula e os militares. Ao longo da semana, o presidente fez questão de pôr o dedo na ferida mais de uma vez. Na segunda (9), afirmou que "nenhum general se moveu" para condenar atos golpistas diante dos quartéis. Dias depois, disse suspeitar de conivência de "muita gente das Forças Armadas" com as invasões.

Alguns altos oficiais se queixaram dos comentários de Lula. Talvez eles estejam mal-acostumados com a virtual imunidade que tiveram nos anos Bolsonaro para atacar o processo eleitoral, acobertar o general que participou de um ato político, disparar notas intimidatórias a serviço do presidente, oferecer lastro institucional a movimentações golpistas e permitir que conspiradores se reunissem em área militar.

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