O então presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, apoiou a reforma da Previdência de 2019. O petista Fernando Haddad foi contra. A senadora Simone Tebet (MDB) disse que o aperto nas aposentadorias era uma prioridade para o país. O chefe do PDT, Carlos Lupi, chamou de traidores e ameaçou expulsar da sigla os deputados que aprovaram a medida.
Os quatro estarão na mesma sala nesta sexta (6), na primeira reunião ministerial de Lula. O compromisso já estava previsto, mas passou a ser vendido como um encontro para "afinar o discurso" depois que o governo precisou negar uma "antirreforma da Previdência" anunciada por Lupi, ministro da área.
A reunião se tornou um dos principais fatos políticos da primeira semana de Lula e seus ministros. Um dos objetivos do encontro é determinar que qualquer proposta do novo governo só vai adiante se tiver aval do presidente. A ideia é delimitar o campo de ação da equipe e calibrar o pêndulo da frente ampla que se instalou no primeiro escalão.
Não há dúvidas de que Lula fará uma gestão de esquerda, mas os compromissos estabelecidos durante a campanha, a escalação do ministério e a composição do Congresso farão o governo dar alguns passos em direção ao centro.
A decisão de desautorizar Lupi publicamente na discussão sobre a Previdência foi um sinal desse movimento. O ministro não foi atropelado por divergências ideológicas (afinal, o PT foi contra a reforma da gestão Jair Bolsonaro), mas porque Lula ainda busca um equilíbrio nas etapas iniciais do governo. Haverá, é claro, situações em que o presidente puxará o pêndulo para a esquerda.
A reunião desta sexta não fará com que todos os integrantes do primeiro escalão comecem a falar a mesma língua de uma hora para outra. Mas a conversa deve deixar claro que Lula será o árbitro final das pautas e das concessões feitas pelo novo governo. Quando houver ideias diferentes na Esplanada, apenas as palavras do presidente e de seus principais ministros terão caráter oficial.
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