Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu Banco Central

Lula vai buscar reorientação do Congresso na agenda econômica

Presidente depende de conversão de partidos da base e do centrão para aprovar plataforma de campanha

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Dois disparos feitos por Lula nas últimas semanas ressoaram no Congresso. Primeiro, o presidente chamou de "bobagem" a autonomia do Banco Central, que recebeu aval dos parlamentares em 2021. Depois, ele disse que tópicos da privatização da Eletrobras, aprovada no mesmo ano, eram "quase uma bandidagem".

O Congresso que Lula terá do outro lado da rua é praticamente o mesmo que deu sinal verde à agenda econômica de Jair Bolsonaro. Ainda que a aliança do PT tenha ganhado cadeiras, partidos perfilados à direita preservaram força na nova legislatura. Os mesmos presidentes da Câmara e do Senado continuam no poder.

Lula tem nas mãos um cardápio extenso de cargos e verbas para construir uma maioria que atue a seu favor no Congresso, mas o petista também depende de um realinhamento das bancadas na economia.

Dentro de sua base, parlamentares da União Brasil, do MDB e do PSD de Rodrigo Pacheco vêm emprestando votos para uma agenda liberal desde o governo Michel Temer, assim como o Republicanos, o PP de Arthur Lira e outras legendas do centrão.

Em geral, há duas maneiras de obter uma conversão ideológica nessa área: pagando o preço cobrado pela adesão ou aplicando pressão política. Quando Lula diz que obteve nas urnas o "direito de estabelecer sua política econômica", ele usa a segunda ferramenta (e seu alvo não é apenas o Banco Central).

O discurso do petista pela redução de juros, contra privatizações e com destaque para outros itens da agenda econômica tem o objetivo de provocar ecos também no mundo político. O plano é incluir ou manter tópicos de sua plataforma na agenda de eleitores e parlamentares.

O presidente pode não ter dificuldades para aprovar uma reforma tributária que já foi abraçada pela cúpula do Congresso, mas precisará de boa vontade em outros pontos da agenda econômica —principalmente aqueles que representarem uma guinada em relação aos projetos aprovados nos últimos anos por esses mesmos parlamentares.

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