Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Lira oferece seus serviços para Lula em troca de recompensa

Ao dizer que 'governo ainda não tem uma base', líder do centrão busca vender apoio extra

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Arthur Lira não teria acumulado o poder que tem hoje se não soubesse ler os ventos da política. Mas o presidente da Câmara não fez apenas uma análise desinteressada quando afirmou, no início da semana, que "o governo ainda não tem uma base consistente" para aprovar matérias simples no Congresso.

Ninguém no Palácio do Planalto interpretou a declaração de Lira como um simples alerta. Auxiliares de Lula entenderam que o líder do centrão apresentava um problema com o objetivo de oferecer seus serviços na captação de votos adicionais para o governo, em troca de recompensas.

Articuladores políticos do Planalto reconhecem que Lira pode ajudar. Lula montou uma coalizão que ficou estacionada na casa dos 270 deputados desde os primeiros dias de mandato. É mais do que a metade das 513 cadeiras da Câmara, mas o governo ficaria em perigo se um punhado de deputados tivesse dor de dente e outros ficassem presos no elevador na hora da votação.

Lira tenta vender ao governo sua influência sobre deputados que estão fora dessa órbita. São parlamentares do seu PP, alguns poucos do PL e nomes de partidos governistas (MDB, PSD e União Brasil) que são mais ligados ao centrão do que ao PT.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na cerimônia de posse de 1º de janeiro de 2023 - Mauro Pimentel/AFP

Lula não quer terceirizar uma parte decisiva de sua operação política para o centrão. Ao mesmo tempo, não tem nenhum interesse em medir forças com Lira. A ordem é manter o poder de articulação concentrado no Planalto, mas aproveitar a atuação do presidente da Câmara para obter votos decisivos.

O presidente indicou que pretende de ter essa sociedade de pé nas primeiras votações de interesse do governo. Desde que foi reeleito, Lira foi consultado sobre a permanência de alguns de seus apadrinhados em cargos da máquina federal e conseguiu preservar postos que havia ocupado na gestão Jair Bolsonaro.

O segundo sinal veio na última quinta (9). Dias depois do diagnóstico pessimista, o chefe do centrão se sentou para comer churrasco com Lula e os ministros palacianos.

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