Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Lula já desaconselhou possível escolha de Lula para o Supremo

Na campanha, presidente reconheceu que proximidade com indicados era sinal ruim

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Ainda no primeiro turno da eleição, Lula aproveitou uma passagem pela bancada do Jornal Nacional para dar uma alfinetada em nomeações feitas pelo rival Jair Bolsonaro. "Eu não quero amigo em nenhuma instituição", disse o petista. "Quero pessoas competentes, pessoas ilibadas, pessoas republicanas e pessoas que pensem no povo brasileiro."

Naquele momento, Lula tentava apresentar um contraste entre as indicações feitas para órgãos de controle em seus primeiros governos e as escolhas de Bolsonaro para a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal. Semanas depois, o petista repetiu a lógica ao falar na TV sobre os critérios de indicações para o Supremo Tribunal Federal.

"Não é prudente, não é democrático um presidente da República querer ter os ministros da Suprema Corte como amigos", disse Lula no debate Folha/UOL/Band/TV Cultura do segundo turno da eleição. "Eu acho que a Suprema Corte tem que ser escolhida por competência, por currículo, e não por amizade."

O candidato Lula fez questão de desaconselhar publicamente uma decisão que o presidente Lula parece disposto a tomar no início do mandato. Com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski em maio, o petista discute a indicação para o STF de Cristiano Zanin, advogado que o defendeu de acusações de corrupção.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em cerimônia de lançamento do Bolsa Família, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira/Folhapress

Em entrevista à BandNews, Lula disse que Zanin tem qualificação técnica para ocupar a cadeira. De fato, o advogado tem o aval de personagens respeitados no mundo do direito.

O presidente, porém, teve que reconhecer o teor de sua relação com o advogado. "É meu amigo, é meu companheiro, como outros são meus companheiros. Mas eu nunca indiquei por conta disso e nunca pedi."

Todo governante leva em conta a afinidade de visões sobre a Justiça na hora de escolher um nome para um tribunal. Só um político fraco ou inconsequente indicaria um opositor. Mas o próprio Lula da campanha sabia que a proximidade excessiva com candidatos a esses cargos era mais do que um sinal ruim.

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