Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

Sem oposição organizada, governo lida com resistências domésticas

Como não há força consistente de centro-direita, objeções à política econômica aparecem na esquerda

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Quando foi torpedeado por petistas na briga dos combustíveis, Fernando Haddad disse que não era nada pessoal. O chefe da equipe econômica lembrou que Antonio Palocci também havia passado por maus bocados na primeira gestão de Lula, sob críticas de colegas de governo. "Isso é natural", sentenciou o ministro.

Palocci foi alvo de fogo amigo pesado. Economistas de esquerda diziam que sua equipe tinha infiltrados do mercado financeiro, intelectuais ligados ao PT fizeram um manifesto contra a política econômica e ministros de outras pastas falavam em buscar um plano B (o substituto favorito era Aloizio Mercadante), como conta Thomas Traumann no livro "O Pior Emprego do Mundo".

O ministro resistiu porque Lula controlou a artilharia. O presidente pediu que José Dirceu e Luiz Dulci, dois ministros fortes da cozinha do Planalto, acalmassem os ânimos no PT e dessem argumentos para a esquerda defender o ajuste de Palocci.

Haddad não passa tanto sufoco quanto o antecessor. O PT dedicou boa parte de sua energia a bater no presidente do Banco Central, e Lula deu uma vitória ao ministro no caso dos combustíveis. Mas a equipe econômica ainda enfrenta uma oposição incômoda.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante viagem à Argentina, em janeiro de 2023 - Agustin Marcarian/REUTERS

Quadros influentes do PT e alguns ministros do governo não escondem a objeção a uma plataforma de aperto de gastos. É provável que esse grupo faça jogo duro contra mecanismos de controle de despesas da nova regra fiscal.

O governo vive situação curiosa. A ação mais consistente de resistência à política econômica é feita pela esquerda, em especial pelo partido do presidente. O PT encontra espaço e desenvoltura para assumir esse papel pela ausência, até aqui, de uma oposição organizada a Lula.

Enquanto não houver um bloco sólido de centro-direita que faça contraponto à agenda do governo, os riscos de Lula no Congresso partirão principalmente da bancada fluida e negocista do centrão. A oposição bolsonarista, por enquanto, é uma assombração.

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