Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu juros

Preço da comida pode tirar bumbo de Lula em 2024

Seca e outras pancadas climáticas ameaçam reversão de quadro favorável do primeiro ano de governo

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Poucas promessas de campanha eram consideradas tão sensíveis para a largada deste mandato de Lula como aquelas relacionadas ao preço da comida. A ideia de fartura na mesa foi uma das ferramentas mais exploradas pelos petistas para agitar uma base eleitoral de rendas baixa e média, crucial para a vitória sobre Jair Bolsonaro.

Não por acaso, o Planalto bateu bumbo quando os alimentos fecharam o primeiro ano de governo em deflação (-0,52%). Lançou um vídeo publicitário, torceu gráficos e tirou proveito de um quadro de aumento da safra, contenção de riscos externos e ampliação da disponibilidade de produtos como carne e leite.

A percepção do eleitor sobre a economia é tradicionalmente o primeiro item de formação de opiniões sobre um governo. O preço dos alimentos, em particular, pode ser estratégico para garantir um colchão de apoio entre os mais pobres, mas também costuma ser um fator simbólico para controlar humores de segmentos menos simpáticos a um presidente.

O quadro explica a situação de alerta no governo para um trimestre bem mais difícil neste início de 2024. A estiagem prevista para o Nordeste e as pancadas climáticas esperadas em outras regiões do país ameaçam lavouras e rebanhos, além de agravar o risco da fome em redutos já castigados pela pobreza.

O impacto sobre a economia é, por enquanto, alvo de prognósticos mais ou menos informados. Alguns analistas estimam que o preço da comida pode subir 4,5% neste ano. Não seria uma disparada, mas estaria acima das projeções gerais de inflação (3,8%) e —o pior do ponto de vista político— representaria uma baita reversão após a deflação de 2023.

Lula e seus auxiliares sempre apostaram que a economia seria uma maneira de romper a resistência de grupos como evangélicos e a fatia da classe média que aderiu ao bolsonarismo. Qualquer notícia morna pode virar munição para mantê-los onde estão. O governo sabe que precisa de todos os bumbos que puder usar para penetrar nesses grupos.

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