Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Gestão da educação para melhorar a aprendizagem

Ainda há muito desperdício de recursos no Brasil

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É comum se dizer que não falta dinheiro para a educação, e sim gestão. De fato, o zelo pelo bom uso de recursos ainda é insuficiente no Brasil e ainda há muito desperdício. Mas o que torna a educação mais cara é a importância de, num país com baixa atratividade da carreira docente, contar com salários mais adequados para atrair mais talento para a profissão.

Afinal, mostram as pesquisas, o elemento mais importante para assegurar educação de qualidade não é a infraestrutura nem sequer a disponibilidade de livros didáticos, conforme mostra o trio que recebeu o Prêmio Nobel de Economia deste ano, mas a qualidade dos professores. 

Mesmo assim, a gestão tem um papel fundamental para garantir que o dinheiro seja bem utilizado e alocado no que assegure a  aprendizagem de todos os alunos.

Kremer, Banerjee e Duflo receberam o Nobel por mostrarem a importância de avaliações de impacto bem estruturadas no combate à pobreza e, em especial, em saúde e educação. De fato, com o uso de análises que incluam grupos de controle e tratamento, podemos saber se determinada intervenção teve sucesso e merece ser escalada em política pública.

Abhijit Banerjee, um dos três ganhadores do Prêmio Nobel de Economia de 2019 - Cheena Kapoor/Reuters

Acompanho as práticas educacionais no Brasil há muitos anos e observo como ainda nos baseamos pouco em avaliações sólidas para saber o que deve ser replicado. Mas uma clara exceção —entre outras poucas— é o programa Jovem de Futuro, organizado pelo Instituto Unibanco. 

Iniciada em 2007, a ação, focada em gestão da aprendizagem, foi ganhando robustez ao longo dos anos, tendo sido adotada por 11 redes estaduais de ensino, afetando 3 milhões de estudantes. O projeto ensina secretarias e cada escola envolvida a trabalhar com dados e a monitorar o efeito de suas ações para tentar garantir melhoras relevantes na aprendizagem e diminuição das desigualdades educacionais.

Mas o que chama mais a atenção no projeto é o fato de que ele conta com avaliações de impacto em todas as suas fases, desde seu funcionamento em escala piloto até quando passa a atender a todas as escolas de uma dada rede. Ou seja, sua implementação com base nas teses preconizadas por Kremer, Banerjee e Duflo é um dos motivos que fazem com que o Jovem de Futuro, ao focar a gestão da política educacional, melhore de forma importante a aprendizagem em português e matemática num ensino médio que, na média brasileira, ainda patina tanto. 

Sim, educação de qualidade passa por currículos, por atração, formação e retenção de bons professores, mas nada disso será possível sem uma boa gestão educacional. E, sem isso, os jovens brasileiros não poderão, de fato, ter futuro.

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