Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Claudia Costin

Aprender ao longo da vida, a beleza de ser um eterno aprendiz

Não podemos parar de aprender, um dos maiores prazeres da condição humana

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Fui convidada a integrar o Conselho de Governança de uma instituição ainda pouco conhecida no Brasil, o Instituto de Aprendizagem ao Longo da Vida da Unesco, sediada na Alemanha. A entidade se dedica a promover educação continuada e de adultos, alfabetização e aprendizagem não formal.

A ideia é apoiar os direitos de aprendizagem dos que não tiveram ou tiveram pouco acesso à escola, mas cada vez mais se dedica também a dois pontos enfatizados pelo relatório da Iniciativa do Centenário da OIT, de 2019: "O futuro do trabalho".

O primeiro diz respeito à necessária preparação dos jovens para um mundo em que a automação acelerada vem demandando constantes recapacitações profissionais frente à crescente extinção de empregos. Nesse sentido, adquirir novas habilidades, depois de acabar a educação formal e, eventualmente, deixar de lado as que se tornaram desnecessárias, será um movimento relevante, a demandar atenção de agências governamentais

O segundo ponto reporta-se ao imperativo de, frente ao envelhecimento da população, assegurar, a quem o desejar, aprendizagem ou atividades significativas. Isso significa que, mesmo para aqueles que se aposentam, aprender e continuar ativos se mantêm como questões relevantes, independente de uma eventual formalização desses processos. Não podemos parar de aprender, pois este é um dos maiores prazeres da condição humana e é o que nos diferencia das máquinas, em tempos de inteligência artificial e robôs. Isso envolve algo que deve não só estar presente na vida de cada um de nós mas ser contemplado pela política pública.

Isso pode ser feito a partir de uma valorização maior da educação de jovens e adultos (EJA), oferecendo acesso e conclusão da educação básica a quem abandonou a escola e deseja prosseguir com os estudos —ou sequer a ela teve acesso anteriormente. Inclui também a oferta a eles de opções de profissionalização que complementem os estudos mais acadêmicos. Pode também incluir iniciativas como a atuação de universidades oferecendo cursos para os mais velhos, como o Programa Universidade Aberta à Terceira Idade, que oferece disciplinas regulares dos cursos de graduação da USP e atividades esportivas para pessoas de mais de 60 anos.

Mas, dentro do campo do que se pode fazer a nível individual, vale a pena ler o excelente "Beginners", de Tom Vanderbilt, que resolveu pesquisar, mão na massa, como é aprender como um iniciante, adquirindo habilidades que sempre nos fascinaram, mas não tivemos a chance de desenvolver, independentemente de uma eventual perda de plasticidade do cérebro. As conclusões são surpreendentes.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.