Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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Para além da pedagogia: a importância da logística na educação pública

Com a volta às aulas, o desafio logístico torna-se maior

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A imprensa tem comentado com frequência —e com razão— a importância da logística no enfrentamento da crise sanitária que vivemos.

De fato, obter os insumos necessários para a preparação e a aplicação de vacinas, inclusive ampolas e agulhas, a sua complexa distribuição num país tão vasto, a operação de hospitais de campanha e os contratos com profissionais de saúde não se resolve com guerras ideológicas ou diatribes proferidas contra governos de quem dependemos. Trata-se de uma operação global, que demanda coordenação entre países e eficiência dentro de cada um deles, como nos lembra Fareed Zakaria em seu recente "Post Pandemic World".

Mas, se isso é verdade em saúde, é ainda mais necessário em educação. O ensino público, em condições normais, demanda mais do que assegurar que, para cada aula, haja um professor preparado, uma infraestrutura adequada e os materiais necessários. Há a merenda escolar que precisa chegar a cada escola, a limpeza dos ambientes, o atendimento das famílias, o contato com a rede de proteção à infância e a gestão de espaços adicionais, como salas de leitura escolares, quadras para educação física, salas de artes e laboratórios de ciências.

Tudo isso se torna mais sério quando há uma crise. Neste contexto, apelar para usos e costumes, no estilo "sempre fizemos assim", já não é suficiente, e a logística necessária envolve uma organização de processos que não dialoga com o calendário escolar.

Dois exemplos evidenciam a importância de competências logísticas entre gestores educacionais. O primeiro foi a importância de se fazerem pequenas obras nas escolas, aproveitando a ausência das crianças, para torná-las mais seguras para o retorno às aulas presenciais. Era importante tornar as salas mais ventiladas, aumentar o número de pias, rever encanamentos ou a conexão com o sistema de esgoto.

Um segundo é a aprendizagem remota e a alimentação em casa. Foi necessário enviar cadernos autoinstrucionais às residências, adquirir chips para celulares, contratar aulas na TV ou no rádio e providenciar caixas com mantimentos para os mais vulneráveis. Cerca de 83% dos alunos de redes públicas são de famílias que recebem até um salário mínimo per capita.

E agora, com a volta às aulas começando a acontecer, o desafio logístico torna-se maior, frente a um calendário de vacinações que não deu prioridade a professores. Nesse sentido, será urgente o exercício de liderança por parte de gestores. Afinal, alguém terá que ser a voz das crianças e jovens menos afluentes e defender que educação é atividade essencial. Sem isso, não haverá futuro para o Brasil!

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