Claudia Costin

Diretora do Centro de Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial.

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A pandemia, a diversidade e a inclusão

Exposição à diversidade enriquece nosso repertório de vida e combate o preconceito e a intolerância

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Durante o período de fechamento das escolas, um grupo foi particularmente afetado, o de pais de crianças e jovens com deficiências.

O trabalho adicional resultante de tentar combinar alguma forma de teletrabalho —no caso de muitas famílias de classe média— com o cuidado de seus filhos e a tentativa de prosseguir sua educação em casa levou muitos a uma situação de verdadeiro “burnout”. A situação vivida por famílias vulneráveis com filhos na mesma situação tem sido ainda mais desafiadora. Isso fez com que alguns países, como Israel, tenham priorizado esses alunos no retorno às aulas presenciais.

Titto Boeri, professor e pesquisador da Universidade Bocconi, ressaltou, nas discussões do T20, um encontro internacional de centros de pesquisa que precede o G20, a dificuldade de estudantes com deficiência, entre outros grupos tradicionalmente excluídos, em ter acesso à chamada aprendizagem emergencial remota e mostrou como isso agrava ainda mais as desigualdades pré-existentes na sociedade.

E, de fato, a exclusão não começou com a Covid. Durante muitos anos, crianças e jovens com deficiência não frequentavam a escola, e, quando o faziam, era ou em unidades escolares especificamente a eles destinadas ou em salas separadas dos demais alunos. Para agravar a situação, os espaços em que ficavam muitas vezes atendiam também alunos com diferentes dificuldades, inclusive mau comportamento, e eram, com frequência, os menos adequados do prédio.

A partir de 1994, quando foi proclamada a Declaração de Salamanca, ganhou destaque no mundo a proposta de incluir alunos com deficiência em salas regulares e evitar qualquer forma de segregação. Para que isso funcione, recomenda-se adotar a concepção de desenho universal da aprendizagem e, ao mesmo tempo, dar um atendimento diferenciado no contraturno para complementar o que é feito em sala de aula, com todos os apoios necessários à inclusão.

Não foi nem é fácil no Brasil realizar esse trabalho de entender cada criança e jovem com suas dificuldades e possibilidades, mas a experiência de, progressivamente, incluir todos estava avançando antes da pandemia e pode avançar ainda mais.

No entanto, o que precisamos enfatizar é não só a urgência, do ponto de vista da Ciência da Aprendizagem, de oferecer educação de qualidade ajustada às necessidades de cada um, mas a importância desse processo para as chamadas crianças típicas.

Rutger Bregman, em seu incrível livro “Humanidade”, mostra-nos que sermos expostos à diversidade não só enriquece nosso repertório de experiências de vida como combate o preconceito e a intolerância.

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