Claudia Tajes

Escritora e roteirista, tem 11 livros publicados. Autora de "Macha".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Claudia Tajes

Já há quem se imagine com um chapéu de chifres em 2022

Uns e outros já cogitam copiar o imbróglio da invasão do Capitólio

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Cada movimento tem o símbolo que merece. Na invasão do Capitólio pelo bando de brancos fora da casinha, o sujeito de chapéu peludo com chifres —nem Clóvis Bornay chegou a tanto—, tatuado e sem camisa, virou a cara, e o peito, da coisa toda.

Houve quem o comparasse ao Village People, como se a turma de fantasiados dos anos 1970 merecesse ser associada à horda. Alguns juraram que o guampudo era o líder da banda inglesa Jamiroquai, o que levou o sempre simpático Jay Kay a tuitar: “Alguns de vocês podem pensar que me viram em Washington à noite, mas receio que eu não estivesse com todos aqueles malucos”.

Ilustração da coluna de Claudia Tajes, edição de 11.jan.2012
Cynthia Bonacossa

Artistas costumam ser chamados de tudo, chupins, pedófilos, sórdidos etc., mas duvido que algum artista digno da sua profissão estivesse no meio daquela malta.

Talvez algum oportunista, dos que sempre orbitam nos governos. Lá como cá e acolá.

A invasão do Capitólio escancarou o tipo de gente que apoia, e elege, figuras abjetas e caricatas para a presidência de seus países. Tipos com camisetas de exaltação nazista. De devoção às armas. De louvação à família. Todo mundo meio parecido, o corpo esculpido a Doritos, a cabeça tomada por conceitos deturpados de religião e patriotismo. A pandemia da ignorância pode ser tão letal quanto a da Covid.

A cena dos brucutus quebrando os equipamentos dos jornalistas remeteu direto à claque do Alvorada. Quem assistiu ao documentário “Cercados”, disponível no Globoplay, deve ter encontrado semelhanças. Imprensa canalha, mídia mentirosa e demais xingamentos: vai vendo.

Já a Venezuela condenou a violência contra a democracia e estimou que “o povo americano abra um novo caminho em direção à estabilidade e à justiça social”. Senso de oportunidade que chama, né, minha filha?

O que se sabe é que uns e outros já cogitam copiar o imbróglio. “Se não tiver voto impresso em 2022, vamos ter problema pior que os EUA.” É uma declaração grave, ofuscada apenas pela purulenta espinha na ponta do nariz de quem falou.

Que haverá confusão na próxima eleição é certo. A única dúvida na casa dos quatro políticos —e um desinfluencer— é quem vai ser o chifrudo com pelos. As tatuagens exigidas pelo figurino podem ser de hena. Vence quem tiver o peito mais cabeludo.

Diz que já começaram os implantes.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.