Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Claudio Bernardes

Os ambientes urbanos e as mudanças climáticas

Conexão entre academia e planejadores das cidades deve ser intensificada nesta área

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Mesmo sem entrar no mérito de sua origem, o fato é que as mudanças climáticas estão aí. A repercussão dessas mudanças deve ser particularmente mais pronunciada nas cidades, onde existe maior concentração de pessoas. Por essa razão, a percepção dos efeitos da interação dos nossos complexos ambientes urbanos com as alterações climáticas tem grande importância.

O monitoramento da pegada ecológica tem mostrado que muitas cidades vivem além de sua capacidade ambiental. Estudos estão investigando, por exemplo, como a infraestrutura de mobilidade pode ser redesenhada e como ter certeza que eventuais mudanças implementadas nos levarão na direção mais adequada do ponto de vista ambiental. Nesse contexto, a correta compreensão da relação das atividades urbanas com o meio ambiente tem extrema relevância na estruturação de projetos que possibilitem às cidades não só mitigar os efeitos de mudanças climáticas, mas adaptar seus habitantes a esse fenômeno.

Em todo o mundo, pesquisadores têm apontado as consequências das mudanças climáticas para a biodiversidade urbana. As previsões de mudanças na temperatura, os eventos pluviométricos extremos e as crescentes concentrações de CO2 na atmosfera podem influenciar a dinâmica da população por meio de uma reorganização espacial.

A vulnerabilidade das cidades, no que diz respeito a desastres associados a mudanças climáticas, está vinculada a uma série de fatores. Entre eles, características culturais, demográficas e econômicas dos habitantes urbanos, as peculiaridades do ambiente construído, os níveis de degradação ambiental e a postura dos governantes municipais.

As condições ambientais resultantes da urbanização não adequadamente planejada, incluindo a modificação extrema das condições naturais de escoamento de água, poluição e efeitos de ilhas de calor urbano agravam os impactos de desastres climáticos. Dessa forma, a capacidade das cidades em garantir um futuro resiliente engloba a superação de várias barreiras, que incluem a não incorporação da resiliência urbana aos modelos de planejamento, a compreensão limitada da vulnerabilidade e os riscos associados, e a falta de coordenação entre os diversos atores municipais que deveriam estar envolvidos nos processos ecossistêmicos.

Outra questão importante é a integração de atividades ambientais numa visão metropolitana, o que requer uma nova abordagem orientada a sistemas para avaliação e mitigação de riscos de forma mais abrangente, no âmbito do comportamento dos sistemas metropolitanos e sua interação municipal.

Impossível não reconhecer a relação existente entre vulnerabilidade e desigualdade social. Mecanismos de exclusão resultam em padrões diferenciados de localização e acesso a recursos que definem a resiliência de populações urbanas. Contudo, não é apenas a localização em áreas propensas a riscos ou características individuais, como idade, sexo e condições sanitárias, que podem sensibilizar as populações. Outros aspectos podem ser igualmente relevantes para melhorar a resiliência da população, como educação, renda, qualidade da moradia, infraestrutura e serviços. Um índice de desastres associados à vulnerabilidade social desenvolvido pela Universidade de Buenos Aires permite avaliar a importância desses diversos aspectos.

A conexão entre a academia e os planejadores urbanos, principalmente na área de mudanças climáticas, deve ser intensificada. Novas oportunidades para a cogeração de conhecimento devem ser incentivadas, pois seguramente resultarão no desenvolvimento de modelos mais eficientes para a adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas nas áreas urbanas.

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