Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Decisões de planejamento urbano têm impacto na saúde

Espaços públicos, edifícios, bairros e as próprias cidades alteram nosso bem-estar físico e mental

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As decisões de planejamento têm papel central na prevenção de doenças no século 21. Elas podem criar ou agravar os principais riscos à saúde para as populações ou, ainda, promover ambientes e estilos de vida mais saudáveis, além de criar cidades e sociedades resilientes.

As consequências dessas decisões podem definir a qualidade do ar que respiramos, bem como dos espaços, da água que bebemos, da forma como nos movimentamos e do acesso à saúde.

O planejamento urbano e territorial influencia a forma como usamos e acessamos os recursos naturais, os diferentes padrões de uso do solo, a forma urbana, o desenho espacial urbano, a biodiversidade e os modelos de transporte, ou seja, os mecanismos que podem ter efeitos na saúde das pessoas.

Carioca pratica exercício ao ar livre perto da Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio
Carioca pratica exercício ao ar livre perto da Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio (Foto:Júlia Barbon/Folhapress) - Júlia Barbon/Folhapress

Relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta que colocar a saúde e o bem-estar no centro do processo de planejamento pode promover bons meios de subsistência, permitir a construção de comunidades resilientes e vibrantes, e dar voz a grupos vulneráveis, ao mesmo tempo que permite o progresso na redução das desigualdades nas áreas urbanas.

O planejamento urbano e territorial fornece uma estrutura para alinhar e transformar nossos ambientes naturais e construídos. Colocar a saúde humana e ambiental no centro do processo e dos princípios de planejamento urbano e territorial permitirá que todo o potencial de nossas cidades e territórios proporcionem ambientes mais saudáveis e resilientes, segundo afirma Laura Petrella, chefe de Planejamento, Finanças e Economia da UN-Habitat.

É fato que nossa saúde depende do ambiente em que desenvolvemos nossas vidas, ou seja, da combinação de estilos de vida, ambiente construído, ambiente natural e relações sociais.

A forma e os espaços urbanos podem encorajar ou desencorajar estilos de vida ativos, dependência do carro, coesão social e outras questões que podem afetar a saúde. Espaços públicos, edifícios, bairros e as próprias cidades têm impacto na saúde física e mental. Isso significa que a saúde coletiva pode ser determinada por políticas externas ao setor da saúde.

O planejamento pode ser determinante para produzir benefícios que melhorem a saúde de forma geral. No entanto, faltam políticas que promovam a saúde explicitamente por meio do planejamento urbano ou de outras ações e políticas fora do setor de saúde. Além disso, não é bem compreendido como a saúde é impactada por diferentes setores, projetos e modelos de planejamento, e dessa forma perdemos evidências quantificáveis dos efeitos resultantes.

O ideal é que a saúde seja totalmente integrada ao processo de organização do funcionamento das cidades, de tal forma que planejamento, saúde e bem-estar se tornem propósito fundamental dos planos locais e regionais.

O importante é que as unidades de saúde pública trabalhem em estreita colaboração não só com planejadores urbanos, mas com os envolvidos na produção habitacional, com os responsáveis pelo gerenciamento de áreas verdes e espaços públicos, e com aqueles que planejam e operam a mobilidade na cidade.

Especialmente em momentos como o que estamos atravessando —uma era de pandemias—, as questões sanitárias não podem deixar de ser parte integrante dos processos de planejamento. Torna-se premente desenvolver novos modelos de planejamento urbano, que possam garantir o desenvolvimento das cidades associado a efeitos positivos na saúde da população.

Para tanto, os impactos gerados pelos mais diversos aspectos da vida e operação das cidades na saúde e no bem-estar das pessoas devem ser mais bem compreendidos.

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