As decisões de planejamento têm papel central na prevenção de doenças no século 21. Elas podem criar ou agravar os principais riscos à saúde para as populações ou, ainda, promover ambientes e estilos de vida mais saudáveis, além de criar cidades e sociedades resilientes.
As consequências dessas decisões podem definir a qualidade do ar que respiramos, bem como dos espaços, da água que bebemos, da forma como nos movimentamos e do acesso à saúde.
O planejamento urbano e territorial influencia a forma como usamos e acessamos os recursos naturais, os diferentes padrões de uso do solo, a forma urbana, o desenho espacial urbano, a biodiversidade e os modelos de transporte, ou seja, os mecanismos que podem ter efeitos na saúde das pessoas.
Relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta que colocar a saúde e o bem-estar no centro do processo de planejamento pode promover bons meios de subsistência, permitir a construção de comunidades resilientes e vibrantes, e dar voz a grupos vulneráveis, ao mesmo tempo que permite o progresso na redução das desigualdades nas áreas urbanas.
O planejamento urbano e territorial fornece uma estrutura para alinhar e transformar nossos ambientes naturais e construídos. Colocar a saúde humana e ambiental no centro do processo e dos princípios de planejamento urbano e territorial permitirá que todo o potencial de nossas cidades e territórios proporcionem ambientes mais saudáveis e resilientes, segundo afirma Laura Petrella, chefe de Planejamento, Finanças e Economia da UN-Habitat.
É fato que nossa saúde depende do ambiente em que desenvolvemos nossas vidas, ou seja, da combinação de estilos de vida, ambiente construído, ambiente natural e relações sociais.
A forma e os espaços urbanos podem encorajar ou desencorajar estilos de vida ativos, dependência do carro, coesão social e outras questões que podem afetar a saúde. Espaços públicos, edifícios, bairros e as próprias cidades têm impacto na saúde física e mental. Isso significa que a saúde coletiva pode ser determinada por políticas externas ao setor da saúde.
O planejamento pode ser determinante para produzir benefícios que melhorem a saúde de forma geral. No entanto, faltam políticas que promovam a saúde explicitamente por meio do planejamento urbano ou de outras ações e políticas fora do setor de saúde. Além disso, não é bem compreendido como a saúde é impactada por diferentes setores, projetos e modelos de planejamento, e dessa forma perdemos evidências quantificáveis dos efeitos resultantes.
O ideal é que a saúde seja totalmente integrada ao processo de organização do funcionamento das cidades, de tal forma que planejamento, saúde e bem-estar se tornem propósito fundamental dos planos locais e regionais.
O importante é que as unidades de saúde pública trabalhem em estreita colaboração não só com planejadores urbanos, mas com os envolvidos na produção habitacional, com os responsáveis pelo gerenciamento de áreas verdes e espaços públicos, e com aqueles que planejam e operam a mobilidade na cidade.
Especialmente em momentos como o que estamos atravessando —uma era de pandemias—, as questões sanitárias não podem deixar de ser parte integrante dos processos de planejamento. Torna-se premente desenvolver novos modelos de planejamento urbano, que possam garantir o desenvolvimento das cidades associado a efeitos positivos na saúde da população.
Para tanto, os impactos gerados pelos mais diversos aspectos da vida e operação das cidades na saúde e no bem-estar das pessoas devem ser mais bem compreendidos.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.