Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Novas formas de enxergar a densidade urbana

ONU classifica compactação como vital para o sucesso econômico, ambiental e social das cidades

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Nas últimas décadas, planejadores urbanos e pesquisadores vêm discutindo e tentando compreender com maior profundidade um elemento-chave para as cidades, a urbanização e a vida urbana: o adensamento.

A Nova Agenda Urbana impulsionada pela ONU (Organização da Nações Unidas), em 2016, considera, dentre as várias estratégias colocadas, a “compactação" e "intensificação" como vitais para o sucesso econômico, ambiental e social das cidades.

Por outro lado, os debates sobre densidade urbana moldam profundamente imposições políticas e investimento de capital no ambiente construído, com consequências positivas e negativas para as cidades e o seu desenvolvimento. Dessa forma, em benefício do desenvolvimento sustentável das cidades são necessárias novas formas de enxergar a dinâmica do adensamento.

Singapura, um dos países mais densamente povoados do mundo
Singapura, um dos países mais densamente povoados do mundo - Edgar Su/Reuters

A densidade urbana deve ser analisada além da simples quantificação de habitantes por área da cidade. A experiência dos usuários na sua relação com o adensamento e uma abordagem holística de planejamento considerando questões socioeconômicas, sociodemográficas, políticas e tecnológicas devem fazer parte do processo de compreensão da densidade urbana num contexto mais amplo. Tipos de uso necessários, número de unidades habitacionais por área, características da ambiência urbana e frequência da ocupação dos espaços são parâmetros que devem ser ponderados.

Deve ser prevista a adequada provisão de empregos e serviços, observados o comportamento das pessoas e suas necessidades. Normalmente, modelos de adensamento são direcionados para atender a necessidade de espaço residencial ou de escritório, com pouca consideração para outros usos que poderiam ser exigidos por uma densidade maior de usuários urbanos, como espaço e serviços públicos, comércio, instalações comunitárias, lazer etc. Modelos adequados de adensamento devem ser usados para encorajar o compartilhamento e as relações simbióticas de espaços e usos, criando uma tipologia variada que reage às necessidades do usuário com muito mais fluidez.

A avaliação das necessidades sociodemográficas também não pode ser esquecida. A estrutura e os arranjos espaciais locais devem responder adequadamente à diversidade de famílias que constituem o adensamento de determinada região, principalmente em termos de provisão de serviços, espaços e facilidades. Além disso, o modelo de desenvolvimento deve considerar padrões orgânicos de crescimento existentes.

Altas densidades maximizam a eficácia do transporte público, melhorando a mobilidade urbana, o que reduz também os custos com energia e infraestrutura. Além disso, possibilitam o uso mais eficiente do solo, com economia na prestação de serviços e instalações públicas. O adensamento pode ser considerado uma questão sociocultural, uma vez que maiores densidades podem criar mais oportunidades para encontros. Isso tende a aumentar a intensidade e a interação das atividades humanas.

O planejamento do uso do solo pode e deve ser usado de maneiras inovadoras para incrementar a densidade garantindo equidade. No entanto, desenvolver e implementar regulamentos de zoneamento deve ser um processo cooperativo que envolve planejadores e sociedade, para que sejam considerados em toda sua plenitude os aspectos e os efeitos envolvidos no processo de adensamento.

Cidades densas são mais eficientes, justas e vibrantes. Os administradores das cidades devem olhar para o planejamento e as ferramentas de zoneamento também como forma de evitar a expansão horizontal, garantir acesso igualitário aos serviços públicos e assegurar o desenvolvimento sustentável.

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