Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Descrição de chapéu Mobilidade Ásia

A dinâmica do tráfego de pedestres

Compreensão do deslocamento a pé permite projetar estruturas com segurança e eficiência desejáveis

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À medida que as cidades procuram modelos de desenvolvimento voltados à escala humana –e a atividade de caminhar pelo espaço urbano ganha relevância–, a investigação da dinâmica do tráfego de pedestres passa a ser uma questão extremamente significativa.

A compreensão do deslocamento dos pedestres em ambientes reais, em situações de comportamento espacial multidirecional, e a avaliação das relações entre velocidade, densidade e fluxo nas viagens a pé permitem projetar estruturas para pedestres com segurança e eficiência desejáveis.

Para esse efeito, Hong Kong pode ser considerado um laboratório a céu aberto, por oferecer a oportunidade de examinar a dinâmica do pedestre em condições relativamente densas. O professor John Zacharias, do Laboratório de Modelagem de Processos Urbanos da Peking University, na China, publicou estudo sobre a dinâmica de pedestres em locais com alta densidade de transeuntes na cidade.

Pessoas caminham em Hong Kong - Peter Parks - 15.dez.2021/AFP

Para elaborar o estudo, dados foram coletados em uma amostra de 24 ambientes viários, com diferentes larguras de calçadas e fluxo de pedestres. Trajetórias individuais de 356 pessoas selecionadas aleatoriamente foram extraídas de gravações de vídeo. A velocidade do pedestre foi relacionada às seguintes variáveis independentes: volume de pedestres, largura do pavimento, largura efetiva do pavimento e existência de lojas ao longo do percurso. A eventual formação de pistas de fluxo e contrafluxos foi identificada e mensurada. Para examinar como o ambiente da rua se compara às condições de fluxo livre de corredores mais amplos e dedicados, a velocidade de deslocamento foi medida para 356 indivíduos selecionados aleatoriamente, em sete corredores dedicados para acesso ao sistema de transporte metroviário.

Os resultados mostraram que os parâmetros, deslocamentos, largura efetiva do espaço para deslocamento, número de lojas e sexo, avaliados conjuntamente, foram responsáveis por 13,7% da variação na velocidade do fluxo, enquanto o volume de pedestres não foi significativo. Observou-se uma ligeira tendência de movimento para a direita em fluxos bidirecionais.

O estudo concluiu que a velocidade de caminhada nas ruas de Hong Kong é limitada pela atividade de compras, por obstáculos e dimensões espaciais reduzidas. A velocidade de caminhada é mantida, por meio do deslocamento, com velocidades mais altas na borda externa do espaço destinado aos pedestres.

Como era esperado, ficou claro que as pessoas caminham significativamente mais rápido em corredores dedicados.

Explorar todo o potencial de infraestrutura de pedestres está se tornando medida crítica em muitos ambientes que não podem ser facilmente expandidos para lidar com o aumento de fluxo. Isso é particularmente verdadeiro em determinados locais, como estações de trem, acessos a espaços públicos de alta concentração e dedicados. Também, em muitas cidades com espaços limitados e onde a expansão seria difícil e muito cara.

Pesquisadores do laboratório de transporte e mobilidade da Escola Politécnica Federal de Lausane, na Suíça, procuraram estudar modelos voltados à melhoria do nível de serviço experimentado pelos pedestres, regulando e controlando seus movimentos com um sistema de gerenciamento de tráfego dinâmico. Embora os sistemas de gerenciamento de tráfego dinâmico tenham sido amplamente investigados nas últimas duas décadas para mitigar o congestionamento do tráfego de veículos, pouca atenção foi dada aos sistemas de gerenciamento de tráfego dinâmico para fluxos de pedestres.

Os pesquisadores propõem uma estrutura geral para os sistemas de gerenciamento de tráfego dinâmico, que considerem as especificidades do tráfego de pedestres. O estudo ilustra essa estrutura usando uma estratégia de controle projetado para fluxos de pedestres, que atenua os problemas induzidos por fluxos bidirecionais, uma das questões primordiais no deslocamento de pedestres. Os resultados enfatizam o potencial subexplorado do controle e da orientação de pedestres quando integrado em um sistema de gerenciamento dinâmico.

Os pedestres se distinguem por uma série de características principais, como escolha pessoal, dinâmica variável e vulnerabilidade. A compreensão desse processo, aliada ao projeto de infraestrutura urbana para melhorar o desempenho do deslocamento das pessoas caminhando, certamente trará influências muito positivas, capazes de melhorar a vida nas cidades.

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