A busca por cidades mais eficientes, resilientes, inclusivas e ambientalmente equilibradas está presente na maioria dos modelos de planejamento que pretendem idealizar um futuro urbano com mais qualidade de vida para as pessoas.
Efetivamente, essa não é uma tarefa fácil, e não existem regras que se apliquem igualmente para todas as cidades do mundo. Contudo, existem tendências que podem ser utilizadas como princípios norteadores para os planejadores de cidades.
Construir cidades para pessoas, conceito apresentado pelo urbanista Jan Ghel, talvez seja a tendência mais universal. Os automóveis não devem mais direcionar o planejamento urbano. Áreas urbanas devem ser desenhadas na escala de pedestres e ciclistas, com mais espaço para caminhar e pedalar, aproximando sempre os edifícios das vias.
As cidades precisam ser planejadas e projetadas para as pessoas, mas com ruas e espaços públicos verdes desenhados como novos corredores, com potencial para se transformarem em centros de vida social. É importante a criação no ambiente urbano de mais parques públicos e soluções baseadas na natureza, promovendo uma conexão mais próxima entre as pessoas e os espaços naturais, principalmente em cidades com maior densidade populacional.
Mesmo morando em cidades, passamos a maior parte do tempo em ambientes internos. Portanto, o projeto e a construção dos locais de trabalho e moradia, as escolas e até mesmo os ambientes hospitalares devem ter atenção especial. Melhorias nos modelos de ventilação, condições térmicas, insolação e composição química dos materiais de construção vão dominar as ações para a melhoria das edificações e da sua utilização.
Uma das estratégias importantes para a regeneração urbana são os chamados distritos de inovação.
Empreendimentos massivos, de uso misto, com ampla variedade de tipos de habitação para encorajar uma mistura populacional diversa, combinada com empregos diversificados e áreas de varejo que podem ser confortavelmente percorridas.
Os distritos de inovação são caracterizados pela existência de dois ou mais locais âncora, como universidades, hospitais e centros de pesquisa, com multiplicidade de opções de mobilidade, favorecendo o transporte público em detrimento dos automóveis.
As cidades, como um todo, devem trabalhar para oferecer mobilidade digital, inteligente, autônoma e intermodal. Algumas mudanças importantes na forma como as pessoas se movem nas cidades estão em andamento. Mas essas tendências serão aceleradas ainda mais, já na próxima década, com eletrificação, direção autônoma, infraestrutura inteligente, diversidade modal, mobilidade integrada, compartilhada e sustentável, sendo todos os sistemas impulsionados por modelos de negócios disruptivos.
A inclusão social deve ser um pilar fundamental do crescimento e do desenvolvimento urbano para as cidades do futuro, estruturada em três blocos identificados pelo Banco Mundial: inclusão espacial (oferta de habitação a preços acessíveis, água e saneamento), inclusão social (expansão da igualdade de direitos e participação) e inclusão econômica (criação de empregos e de oportunidades de desenvolvimento econômico aos cidadãos).
Finalmente, mas não menos importante, as cidades estão evoluindo para serem centradas nas pessoas e projetadas por e para seus cidadãos. Dessa forma, é fundamental a participação massiva dos cidadãos em um processo colaborativo, construído por meio de políticas governamentais abertas, mas totalmente diferentes dos modelos ineficientes até agora utilizados.
Com a participação em massa, apoiada por dados abertos e tecnologia, e com o governo local atuando como uma plataforma, as cidades podem usar os cidadãos como sensores e se beneficiarem de maior inovação, melhor utilização de recursos, e maior aproveitamento da sensibilidade da população com relação aos problemas da cidade.
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